Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos

 

O Uso Permanente

do
Capacete da Salvação


 

O uso contínuo do capacete da salvação (Ef 6: 17, 1Ts 5: 8) certo, tem a ver com a convicção correta acerca da salvação em Jesus Cristo, principalmente quanto aos fundamentos da justificação, regeneração e santificação, sendo tudo pela fé nEle, com o perdão total dos nossos pecados e pelos exclusivos méritos do Senhor.
Se nos falta esta convicção correta, quanto ao em que se fundamenta a nossa salvação, podemos ficar sujeitos aos ataques desferidos contra nossa mente, sermos confundidos, e por conseguinte, incapacitados para a pregação do evangelho verdadeiro.
Por exemplo, é muito comum se pensar que a nossa aceitação por Deus depende das nossas obras, e não exclusivamente da nossa fé em Jesus, e na justificação que recebemos por confiarmos nEle.

Quando esquecemos da verdadeira base da nossa aceitação por Deus é comum que ao olharmos para o nosso interior, e constatarmos as nossas muitas deficiências espirituais; que nos tornemos amargurados de alma, fiquemos insatisfeitos, desanimados da vida, e até mesmo hipercríticos em relação aos erros de outros, pois não olhamos para a graça de Jesus, mas para as nossas obras, méritos pessoais, e justiça própria; e neste caminho não se acha a paz, senão apenas tormentos.
Deus prometeu esquecer nossos pecados e iniquidades (Jr 31: 31-34) e lançá-los nas profundezas do mar (Mq 7: 19).
Se Deus está disposto a esquecer, porque nós não deveríamos também esquecer, para que possamos ter paz em nossa consciência?

Sem isto jamais poderíamos ser imitadores de Paulo, que esquecia as coisas que ficavam para trás e avançava para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus.
Ele estava sempre consciente da guerra permanente, que há entre as duas naturezas que habitam no crente – a velha, terrena e corrompida, e a nova, celestial e santa; de modo que a nossa paz de consciência deve estar sempre em Jesus, que nos libertou da lei da servidão ao pecado, e da morte.
Este esquecimento das coisas pecaminosas que confessamos e ficaram para trás, tem a ver com a não imputação de condenação, com livramento da culpa, pois ainda que Deus se lembre de todas as nossas transgressões, todavia Ele não as lança em nossa conta, por causa de Jesus Cristo, que pagou integralmente o preço do castigo merecido pelas nossas ofensas.

Se não tivermos este capacete de salvação em nossa cabeça, as acusações do diabo ou da nossa própria natureza terrena decaída no pecado, nos atormentarão, até o ponto de se pensar que sofreremos no céu com a lembrança de nossos pecados.

 

Pensar assim é desonrar o sacrifício de Jesus, pois não damos crédito de que de fato, Ele fez uma expiação completa da nossa culpa, para que pudéssemos ter paz de consciência, e também paz com Deus, de modo que ainda que nós mesmos nos lembrássemos de alguma transgressão praticada por nós, em nossa jornada terrena, isto não nos traria qualquer tormento, pela convicção de que Jesus removeu a nossa culpa, e assim, em vez de tormento, haveria um aumento do nosso sentimento de gratidão a Ele, por tudo o que fez por nós, para sermos plenamente aceitos por Deus.
 

Outro ponto muito importante para a manutenção desta paz, é o perdão que devemos a todos os nossos ofensores, pois é justo que, uma vez tendo sido perdoados totalmente por Deus, também tenhamos uma atitude perdoadora, com vistas ao amor até mesmo a inimigos.
Sem isto, o que teremos será tormento, amargura e abatimento de coração, porque onde não há o perdão, o que prevalece é a falta da disponibilidade da graça, da paz de Deus em nossos corações.

 

Somente Deus é o Juiz da consciência alheia, então cabe somente a Ele fazer a devida aplicação da justiça a todos.
Quando fazemos o papel de juízes usurpamos a função exclusiva de Deus, em demonstração de grande desrespeito em relação a Ele, e esta não seria uma posição em que poderíamos contar com o Seu favor divino.
Jesus conquistou tudo pela graça, sem nada exigir de nós, mas devemos ter cuidado para não fazer uso desta mesma graça, em relação a perdoarmos a outros; por isso é dito, que nossas ofensas são perdoadas se também perdoamos os nossos ofensores.

Não importa o grau ou o tempo de duração das ofensas ou ingratidões recebidas da parte de alguém. O mandamento continua sendo o de perdoar, para sermos perdoados.
Sem o perdão de Deus não podemos ter plenitude de paz e alegria em nossos corações, pois é o Seu favor para conosco, em graça, que nos fortalece e anima para o viver diário.

 

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 09/05/2017
Alterado em 14/11/2023
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