A Difícil Aplicação do Mandamento de Jesus
para que não Julguemos
Antes de tudo deve ser entendido, que este mandamento de caráter geral foi expedido para os cidadãos do Reino de Deus, a saber, aos crentes.
Dele estão excluídos portanto, os magistrados cuja função principal é a de inocentar ou punir, de acordo com o exercício de julgamento dos supostos culpados.
Mas, mesmo no caso da ordenança sendo dirigida aos crentes, alguns outros mandamentos do próprio Jesus devem ser observados, na consideração deste assunto do julgamento.
No mesmo contexto em que Ele diz, que não devemos julgar para não sermos julgados, Ele também afirma que devemos julgar segundo a reta justiça, e não segundo a aparência.
Nisto, percebe-se que, aquilo que está sendo proibido é o julgamento injusto e leviano, não conformado à Palavra e à vontade de Deus.
O crente necessita julgar muitas coisas, para poder cumprir o que é seu dever, sobretudo na avalição daqueles aos quais deve se juntar, tendo em vista a manutenção do testemunho de santidade de sua vida.
Assim, o Senhor ordena a ter cautela com os falsos profetas, e julgar os frutos que eles dão; a ter prudência e ser símplice entre os lobos, pois para identificá-los terá obrigatoriamente que exercer juízos, quanto ao caráter daqueles com quem terá que se relacionar - e a necessidade desse juízo deve ser aplicada em muitas situações práticas da vida.
O Senhor ordenou a exclusão da comunhão da igreja, de crentes recalcitrantes, considerando-os gentios e publicanos.
E, como isto poderia ser feito sem serem julgados?
Os apóstolos chegam, até mesmo a ordenar que não se cumprimente ou se partilhe da familiaridade com aqueles, que dizendo-se crentes não andam deliberadamente segundo a sã doutrina - pois, para serem identificados em tal condição, há necessidade de um julgamento prévio da sua real condição.
Então podemos entender claramente que, quando Jesus expediu o mandamento geral de não julgarmos, isto deve ser entendido, sobretudo na questão da missão geral da Igreja, que é a extensão do Seu próprio ministério nesta dispensação da graça, na qual afirma expressamente, que não veio para condenar, senão para salvar os pecadores.
Isto demanda então, um coração aberto para a recepção de qualquer pessoa dentro da direção do Espírito Santo, com o convite de salvação do evangelho.
Não é dado ao crente, autoridade para exercer juízo condenatório final, sobre quem quer que seja - isto está reservado à exclusiva autoridade do Senhor, a quem cabe o exercício deste tipo de juízo.
O próprio Jesus pode fazê-lo, a partir da Sua condição glorificada no céu, mas a Igreja deve continuar a mesma missão de não condenar, porém de buscar salvar o pecador, porque Jesus disse que assim como o Pai o enviou ao mundo em seu ministério terreno, de igual modo enviava a Igreja.
Não convém a pecadores condenarem pecadores, até porque os próprios crentes são pecadores que foram perdoados, e chamados a rogar aos demais pecadores que se reconciliem com Deus.