Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos


Como Seguir a Santificação Sem a qual Ninguém Verá o Senhor Jesus?  
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(Hb 12: 14)
 




 
É expressamente afirmado nas Escrituras, por nosso Senhor Jesus Cristo, a necessidade de um novo nascimento do Espírito Santo para se ver o reino de Deus [Jo 3: 3,5], e que somente os puros de coração verão a Deus [Mt 5: 8] - com base nisto e em várias outras passagens das Escrituras, inclusive do Antigo Testamento, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo afirma em Hebreus 12: 14, a necessidade de seguirmos a santificação, porque sem ela não é possível ver a Deus.
 
Evidentemente a visão aqui referida não é de caráter físico, mas eminentemente espiritual, porque Deus é espírito e importa conhecê-Lo também em espírito.
Ele busca uma adoração e comunhão espiritual com aqueles cujo coração é totalmente dEle, e para isso precisam ser purificados do pecado, e permanecerem santificados, porque só pode ser discernido, estando nós em santidade de vida, tanto no que se refere à Sua pessoa divina, quanto em tudo o que se refira ao Seu reino, que não nos vem com aparência visível, porque se manifesta dentro de nós.
Daí Jesus ter dito, que não se manifestaria ao mundo nos termos referidos de comunhão espiritual, mas somente àqueles que O amassem e, que são definidos por Ele como aqueles que guardam os Seus mandamentos. [Jo 14: 19-24]
 
Tanto isso é verdadeiro, que depois de Sua ressurreição, Ele se manifestou pelo espaço de 40 dias, somente aos Seus discípulos, quando poderia, se assim o quisesse se revelar visivelmente ao mundo de ímpios, especialmente àqueles que haviam atuado na Sua crucificação, para convencê-los que de fato era Deus, conforme lhes havia dito tantas vezes. Mas qual seria o proveito disso?
Poderiam eles em sua impiedade perceberem-no e terem um discernimento correto da Sua aparição a eles?
É por esse mesmo motivo, que Deus não tenta convencer a qualquer pessoa, por meio de ser visto por elas de modo visível aos olhos da carne, porque quer ser conhecido no íntimo do ser daqueles que O temem e amam, dando-lhes para tal propósito a habitação do Espírito Santo.
 
Então temos esta ordem, de seguir a santificação.
E o que vem a ser este verbo “seguir”, em sua aplicação às palavras do apóstolo? 
No original, o citado verbo tem o sentido de “perseguir, de correr atrás de algo até alcançá-lo”.
E é exatamente assim, que se deve fazer em relação à nossa santificação, porque sem um dedicado esforço em se vencer o pecado e se revestir das virtudes de Cristo, não atingiremos o alvo que nos é proposto por Deus, para que possamos desfrutar da intimidade e comunhão espiritual com Ele.
 
Como somos chamados a andar e a viver por fé, e não por vista, daí Jesus ter dito a Tomé que bem aventurados são os que creem, e não propriamente os que veem com os olhos naturais, a realidade da Sua presença em Sua vida ressurreta.
Muitos israelitas pereceram eternamente, apesar de terem visto Jesus, o autor da vida, em Seu ministério terreno, porque ouviram Suas palavras, mas não as misturaram com a fé,  por isso foram impedidos de entrarem no descanso de Deus -  a isto, o autor de Hebreus se refere em sua epístola, e aponta aos crentes, o grande perigo que há em apostatar da fé.
É com o mesmo propósito de lhes advertir do citado perigo, que escreveu as coisas do sexto capítulo, quanto a se permitir decair da fé, e que sem fé é impossível agradar a Deus, depois de lhes ter falado dos muitos que haviam alcançado o testemunho de terem agradado a Deus, por meio da fé, no 11º capítulo, para que escapassem da condição por ele referida anteriormente, no 10º capítulo do horror que aguarda por todos aqueles que vivem deliberamente no pecado, apesar de terem sido iluminados com o conhecimento da verdade nas Escrituras, relativa à pessoa e obra de Jesus para a nossa salvação.
E conclui dizendo, que horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo, quando há somente uma terrível expectativa de um fogo de juízo prestes a devorar os que se lhe opõem, não havendo mais qualquer esperança de livramento da referida condição.
Mas, nunca devemos esquecer que o nosso Deus é inteiramente longânimo, bondoso, amoroso, misericordioso, e sempre nos ajudará em nossas fraquezas, para que sejamos levantados por meio da fé nEle.
 
Jesus jamais lançará fora a qualquer que vier a Ele, e não apagará o pavio fumegante ou quebrará a cana rachada, enquanto houver em ambos, o empenho para ser aceso ou curado - Ele o fará mediante a nossa fé nEle, para que sejamos santificados.
Então, o caminho pelo qual devemos seguir a santificação é o caminho da fé, que se apoia somente em Jesus e nos Seus mandamentos; sabendo que sem nos dedicarmos à meditação e prática da Palavra não haverá nenhuma santificação, porque a fé vem por se ouvir a Palavra, somente quando se mistura a ela, dando inteiro crédito às promessas e juízos de Deus.
 
Alguém poderá indagar, porque em nossas ministrações sobre a Palavra de Deus não focamos principalmente, em política, artes, tendências do pós-modernismo etc, - a isto podemos responder, que como crentes temos recebido a missão de pregar e ensinar o evangelho, cuja mensagem não consiste em nada além daquilo que nos foi ordenado por Jesus.
E considere-se, que falar de coisas diferentes do evangelho não produz a fé verdadeira, por conseguinte a ninguém pode salvar e santificar, o que é dado apenas à Palavra de Deus para ser feito, porque somente ela possui tal poder.
 
O foco de nosso ensino de pregação está delimitado a ser somente Cristo, e Este crucificado, ou seja, expor tudo aquilo que se refere à obra de salvação que Ele consumou por nós, em Sua morte na cruz.
Assim, enquanto uma pessoa andar com sinceridade diante de Deus, com espírito contrito e humilde, temendo e tremendo pela Sua Palavra, há não somente boa esperança para ela em sua aceitação por Deus, como também para receber o perdão de seus pecados pela cobertura do precioso sangue de Jesus.
 
Quando Jesus morreu na cruz para fazer expiação do nosso pecado, Ele não o fez por pessoas justas e perfeitas, mas por ímpios, que é a condição de qualquer descendente de Adão, que são por natureza, inimigos de Deus e da Sua vontade.
Assim, se o próprio Senhor não nos atrair a Si, para sermos justificados, regenerados e santificados, a nossa condição perante Deus é a de não sujeição à Sua Lei, e nem mesmo podemos estar sujeitos a ela, em razão da nossa natureza pecaminosa.
É somente quando há a intervenção da graça de Jesus, livrando-nos do domínio do diabo e do pecado, que somos introduzidos no estado de reconciliação com Deus, em que a antiga inimizade é desfeita, e Seu amor é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que passa a habitar em nós.
Mas, por nossa condição mutável de criaturas que somos, estamos sujeitos a decaimentos na graça, e quando isto acontece a nossa comunhão com Deus fica prejudicada e não somente a comunhão, como também o nosso crescimento espiritual pode ficar detido, caso não nos levantemos desta citada condição, decaída pela confissão e arrependimento.
São os puros de coração que veem a Deus?
Isto é uma regra geral?
Sim, mas puros de coração não por termos um coração absolutamente limpo de qualquer pecado, mas pela condição de pureza que é segundo o evangelho, que leva em conta a nossa busca sincera de um coração puro, e por nossa rejeição e luta contra todo tipo de pecado, como sendo o próprio coração puro que é requerido por Deus, pois Ele nos vê pela cobertura do sangue de Jesus, e por nossa fé nEle, e assim nos recebe em Seu seio para nos abençoar.
 
De forma que não somos incentivados pela Palavra, a fugirmos da presença de Deus quando pecamos, mas a exercermos nossa fé no sangue de Jesus, para sermos perdoados e capacitados a andar na luz.
5 Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.
6 Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.
7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”   
[I Jo 1: 5-9]
 
É, pela santidade e justiça de Deus, imposto um andar constante na luz por parte dos crentes, e sempre pelo exercício de confissões e arrependimentos constantes pelo pecado, sempre que necessário, porque apesar de terem a cobertura do sangue do sacrifício de Jesus, não há previsão para que o sangue seja eficaz, onde houver uma prática deliberada do pecado, sem a busca da necessária conversão a Deus - isto nós podemos ver claramente na epístola aos Hebreus:
 
24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.
25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
26 Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;
27 pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
28 Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.
29 De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
30 Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
31 Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” 
 
[Hb 10: 24-31]
 
Disso depreendemos quão fundamental e necessária é a santificação, da qual se diz que sem ela ninguém verá o Senhor.
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”,  [Hb 12: 14]
 

 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/09/2021
Alterado em 15/09/2021
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