A Glória de Cristo
Há três estágios na glória de Cristo. Esta será a ocupação do Céu: a contemplação de todas elas.
Primeiro. A glória original de Cristo.
Esta é a Sua glória não derivada, não criada, como igual ao Pai. Ela é mencionada em Pv 8: 30:
“Então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo”;
E, novamente, nesta oração:
“... com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. (Jo 17: 5)
Dessa glória nenhum homem pode falar, nem anjo, nem arcanjo. Somente de uma coisa sabemos; que devemos honrar o Filho, bem como devemos honrar o Pai.
Ele compartilha com o Pai em ser o Único Todo Perfeito, quando não havia nada para admirar, ninguém para adorar, nem anjos com harpas de ouro, nem serafins a cantar Seu louvor, nem querubins a clamar: “Santo, Santo, Santo”.
Antes que todas as criaturas existissem, Ele era um com o Deus infinitamente perfeito, bom e glorioso. Ele era então, tudo o que Ele mais tarde evidenciou ser.
A criação e redenção não O mudaram; apenas revelaram o que Ele era anteriormente; apenas forneceram os objetos para que aqueles raios de glória repousassem, de forma que brilhavam tão plenamente como antes, desde toda a eternidade.
A eternidade será tomada com louvor a Deus, à medida que Ele revelou a Si mesmo absolutamente; assim Ele sairá do retraimento de Sua amável e bem-aventurada eternidade.
Segundo. Quando Ele Se tornou carne.
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. [João 1: 14]
Cristo não obteve mais glória tornando-Se homem, mas manifestou a Sua glória de uma nova maneira. Ele não ganhou uma perfeição maior, tornando-Se homem, pois tinha todas as perfeições de Deus anteriormente, e agora essas perfeições eram derramadas através de um coração humano.
A onipotência de Deus se movia agora, em um braço humano.
O amor infinito de Deus, agora batia em um coração humano.
A compaixão de Deus pelos pecadores, agora brilhava em um olho humano.
Deus era amor antes, mas Cristo foi o amor coberto com carne; assim como quando você vê o sol brilhando através de uma janela colorida, contudo a mesma luz do sol que brilha com um brilho agradável, de modo semelhante, em Cristo habita toda a plenitude da Divindade.
A perfeição da Divindade brilhou por todos os poros, por meio de toda a ação, palavra e olhar; as mesmas perfeições, somente estavam brilhando com um brilho ameno.
O véu do templo era um tipo de sua carne, porque cobria a luz brilhante do santo dos santos - mas, assim como a luz brilhante da Shekiná (Glória de Deus), muitas vezes brilhou através do véu, assim ocorreu, pois à Divindade do próprio Cristo irrompeu-se através do coração do homem Jesus Cristo.
Houve muitas aberturas do véu, quando a glória resplandecente brilhava.
1. Quando Cristo transformou a água em vinho.
Ele manifestou Sua glória, e Seus discípulos creram nEle. A Onipotência falou com uma voz humana, e o amor de Deus também brilhou, pois Ele mostrou que veio para transformar toda a nossa água em vinho.
2. Quando Cristo chorou sobre Jerusalém.
Isso foi uma grande demonstração da Sua glória. Havia muita coisa que era humana nEle; os pés que ficavam sobre o Monte das Oliveiras eram humanos.
Os olhos que desprezaram a cidade deslumbrante eram humanos.
As lágrimas que caíram no chão eram humanas, mas havia a ternura de Deus batendo debaixo daquele manto!
Olhem e vivam pecadores. Olhem e vivam! Eis o vosso Deus!
Aquele que vê a Cristo chorando, viu o Pai. Este é Deus manifestado em carne.
Alguns de vocês temem que o Pai não queira que vocês venham a Cristo e sejam salvos, mas vejam; aqui, Deus está manifestado em carne.
Aquele que vê o Filho, vê o Pai.
Vejam aqui, o coração do Pai e o coração do Filho desvelados.
Por que vocês duvidam?
Cada uma dessas lágrimas escorre do coração de Deus.
3. Na cruz.
As feridas de Cristo foram a maior demonstração de Sua glória que já existiu.
A glória Divina brilhou mais através de Seus ferimentos, do que através de toda a Sua vida antes.
O véu foi rasgado em dois, pelo que todo o coração de Deus permitiu comunicar-se.
Aquele era um corpo humano que se contorcia, pálido e torturado sobre o madeiro maldito; eram mãos humanas que foram furadas tão rudemente pelos cravos; era carne humana que suportou aquele golpe mortal sobre o lado; era sangue humano que fluía de mãos, pés e lado; o olho que humildemente se virou para Seu Pai era um olho humano; a alma que suspirou sobre Sua mãe era uma alma humana, mas havia glória Divina fluindo através de tudo.
Cada ferida era uma boca para falar da graça e do amor de Deus!
A santidade Divina brilhou; o infinito ódio ao pecado estava ali, quando Ele Se ofereceu assim; um sacrifício sem mácula a Deus!
A sabedoria Divina brilhou; todos os seres criados não poderiam ter concebido um plano pelo qual Deus seria justo, e justificador.
O amor Divino; cada gota de sangue que caiu veio como um mensageiro do amor, de Seu coração, para contar sobre o amor da fonte.
Este foi o amor de Deus. Aquele que vê a Cristo crucificado, vê o Pai.
Olhem para o pão partido, e vocês ainda verão essa glória fluindo!
Aqui está o coração de Deus desvelado; Deus Se manifestou em carne.
Alguns de vocês estão debruçados sobre seu próprio coração, examinando seus sentimentos, e observando sua doença - desviem o olhar de tudo no interior.
Eis-me aqui, eis-me aqui! Cristo clama. Olhem para Mim, e sejam salvos. Contemplem a glória de Cristo!
Há muita dificuldade sobre seu próprio coração, mas não há trevas sobre o coração de Cristo.
Olhem através de Suas feridas, e acreditem no que vocês veem nEle.
Terceiro. A glória de Cristo assunto.
Eu não posso falar disso, mas confio que um dia, em breve, eu verei isto. Ele não deixou de lado a glória que tinha na terra; Ele ainda é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo, porém agora Ele tem mais glória.
Sua humanidade não é mais um véu, para esconder qualquer um dos raios de Sua Divindade. Deus brilha ainda mais claramente através dEle.
Agora, Ele obteve muitas coroas, o óleo de alegria, e o cetro de justiça.
O Céu será gasto em contemplar a Sua glória.
Veremos o Pai eternamente nEle.
Olharemos em Seu rosto, e em Seu olho humano leremos o terno amor de Deus por nós, para sempre.
Ouviremos de Seus santos lábios humanos, claramente do Pai.
“Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai.
(Jo 16: 25)
Olharemos Suas cicatrizes saradas, porém evidentes e abertas em Suas mãos, pés, o lado, a fronte de brilho celeste, e leremos ali eternamente o ódio de Deus contra o pecado, e Seu amor por nós que O levou a morrer.
E, às vezes, talvez possamos inclinar nossa cabeça onde João inclinou-se, sobre Seu santo seio.
Oh! Se o Céu deve ser desfrutado dessa forma, o que farão vocês que nunca viram a Sua glória?
Ó, amados, se sua eternidade deve ser gasta assim, passem muito de seu tempo desta forma!