Jesus veio a este mundo para que tenhamos vida, e a tenhamos em abundância, e não para nos condenar ou matar, que é o ministério do diabo.
E esta vida nos vem por meio do Evangelho, que é a maior e melhor notícia que foi dada à humanidade da parte de Deus, e então, somente aqui temos assunto suficiente para nos ocuparmos ao longo de toda a nossa existência, para descobrir o máximo possível de tudo o que está relacionado ao mistério que esteve oculto por séculos até que nos fosse revelado em nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando o que ocupa principalmente nossa mente e coração, e envolve todo o nosso maior propósito, interesse e empenho é o que pertence a este mundo, como política, carreira profissional, ciência etc, nos desviamos grosseiramente do grande alvo que nos é proposto por Deus que é o de nos tornarmos cada vez mais semelhantes a Seu Filho Unigênito através do processo de santificação, pela instrumentalidade da Sua Palavra revelada nas Escrituras, ou em outras palavras, conforme o próprio Senhor Jesus nos ordena: “buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça.”
Jesus nos dá Sua justiça para que tenhamos vida, pois necessitamos de uma justiça perfeita para termos vida eterna. E, ao buscar impedir que pecadores venham a obter esta justiça de Jesus, o diabo os mantém sob a maldição da lei e sob o pecado, que dão para a morte.
Até que Jesus volte, o ministério dos crentes é o de serem cooperadores deste seu ministério de não condenar, e dar vida eterna aos que creem - de modo que ao se falar em mortificação do pecado, o que se tem em vista não é a morte do pecador e nem mesmo de sua personalidade, mas somente do seu pecado.
É para este principal propósito de mortificar o pecado que Deus faz uso das tribulações, direta ou indiretamente, por sua iniciativa, ou por consequência das próprias más escolhas do crente, de modo que saindo das trevas volte a caminhar na luz, em que importa sempre se esforçar para nela ser encontrado.
É ainda para o mesmo propósito que os crentes são chamados a se admoestarem mutuamente, e principalmente cabe aos ministros do evangelho também repreenderem e disciplinarem suas ovelhas quando as vir andando contrariamente à regra que Cristo tem estabelecido para a sua igreja.
Os crentes de um modo geral devem recepcionar com mansidão e gratidão estas admoestações, repreensões e disciplina, porque elas visam ao seu próprio bem, pois da mortificação de pecados que daí decorre, depende a nossa santificação.
Não foi para pouco propósito que Jesus afirmou, que se não nos negarmos e não tomarmos a nossa cruz diariamente, não podemos segui-Lo e ser seus discípulos, na escola do aprendizado da santificação.
Não corresponde portanto, ao Jesus histórico e real, a visão que é comumente associada a Ele, que o representa sempre lânguido e completamente tolerante e indiferente para com os nossos pecados, sejam eles de qual natureza forem, e se nos arrependemos deles ou não. Isto é totalmente contrário ao que vemos a respeito de quem é o Senhor na Bíblia, e conforme experimentamos em suas correções em nossa própria vida segundo as palavras por ele proferidas no livro de Apocalipse 3: 19.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”
De modo que, se alguém é do Senhor por conseguinte é amado por ele, e por conta desse amor é repreendido e disciplinado para a santificação.
Quando Deus disse nos dias de Noé que ele deixaria de restringir o pecado dos ímpios, pela ação do Espírito Santo, o resultado foi que eles aumentaram muito em sua iniquidade, e em consequência, passados 120 anos, desde a eliminação da restrição, veio o dilúvio que afogou a todos, exceto a família de Noé.
Jesus disse, que a sua volta seria antecedida pelo mesmo que ocorreu nos dias de Noé, ou seja, esta restrição do pecado pelo Espírito Santo será também suspensa progressivamente e a iniquidade na Terra se multiplicará, conforme a temos testemunhado, até o ponto de não restar a Deus senão a alternativa de trazer as assolações preditas no livro de Apocalipse, culminando com o terrível juízo que haverá com a segunda vinda de Jesus.
Tudo isto foi profetizado com muita antecedência, e tipificado em vários juízos divinos sobre o mundo, para que tenhamos o devido temor do Senhor e consideremos seriamente todos os seus mandamentos para guardá-los, mediante a mortificação do pecado pelo Espírito, e pelo revestimento das virtudes de Cristo, pelo mesmo Espírito.
O mundo inteiro está sendo conduzido por Satanás para debaixo do reino do Anticristo, e para isto o diabo tem se valido da criação de leis e costumes que são inteiramente contrários aos mandamentos de Deus e que são uma verdadeira abominação para Ele.
Então, é evidente que será muito mais difícil para os crentes que vivem nesta geração se firmarem na graça, do que os que viveram em gerações anteriores, e disso a própria Palavra de Deus nos avisa.
Em consequência, maior deve ser a diligência para guardar tudo o que nos tem sido ordenado, sobretudo no uso dos meios de graça da oração, da vigilância, da adoração, da prática da Palavra, da gratidão, da alegria, do amor, da mansidão, e de todas as virtudes de Cristo, se pretendemos ser vencedores sobre todas as coisas que têm se levantado contra uma vida santa no Senhor.