Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos

 

 

 

 

 

 

"Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,  se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou." [Ef 4: 20-32]

 

Em que consiste se despojar do velho homem e ser revestido do novo homem?

O texto nos ajuda na compreensão disso, quanto aos efeitos destas operações de despojamento e renovação, pois tanto aponta os atos pecaminosos relativos ao velho homem, quanto às virtudes que acompanham o novo.

A causa primária que gera essas consequências abençoadas, tanto de despojamento quanto de revestimento é o próprio Senhor Jesus Cristo, pois é somente permanecendo nEle, em real comunhão e unidade espiritual amorosa com Ele, que podemos ser assim transformados para um crescimento em santificação.

 

As atitudes e comportamentos que são destacados no texto de Efésios 4:17 até Efésios 6:18, somente podem ser observados e cumpridos por aqueles que forem de fato, convertidos a Cristo, pois não é possível tê-los sem as operações do Espírito Santo, moldando e transformando, sobretudo o nosso caráter e nossas inclinações.

Qualquer pessoa que não for convertida poderá tentar imitar tais obras, mas não prosseguirá muito adiante, conforme Jesus explanou na parábola do Semeador, porque faltará nela este princípio vitalizador e renovador do Espírito Santo, que opera somente naqueles que são de Cristo.

E, não se pense que mesmo alguns pecados e fraquezas que ainda remanesçam na velha natureza do crente, possam anular ou negar uma obra de santificação sendo realizada em sua vida, pois eles são permitidos e deixados ali por Deus, em Sua Soberania, para que ele se despoje progressivamente dos mesmos, por meio da fé e obediência em amor a Ele; assim como os filisteus foram deixados na terra de Canaã, para que por eles os israelitas fossem provados em sua obediência ao Senhor, relativamente à expulsão deles.

 

O que Deus requer do crente é luta permanente e contínua contra o pecado, e exercitar-se em disciplina para um viver piedoso. Enquanto houver luta haverá sempre esperança de vitória, por meio da fé em Jesus Cristo, porque a graça é mais poderosa do que qualquer pecado, Satanás, ou demônios.

Toda a questão de santificação e santidade está especificamente associada e limitada à doutrina, verdade, e graça do evangelho, pois a santidade nada mais é do que a implantação escrita, e a realização do evangelho em nossa alma, portanto é denominado em Ef 4: 24, "A santidade da verdade"; é o que a verdade do evangelho  gera.

 

O evangelho em si é denominado, "A verdade que é segundo a piedade;" [Tito 1: 1] - é o que declara a piedade e santidade que Deus requer.

A oração do nosso Salvador para nossa santificação, também se conforma com isto: "Santifica-os" [João 17: 17], (ou por)

“Sua verdade: a sua palavra é a verdade."

 

Ele se santificou por nós, para ser um sacrifício, a fim de que "sejamos santificados na verdade".

Só isso é a verdade que nos torna livres, [João 8: 32],  isto é, livres do pecado e da lei; livres para a justiça em santidade.

Não pertence nem à natureza, nem à lei; então como proceder a partir deles, ou ser efetuado por eles?

A natureza está totalmente corrompida e é contrária à santidade. A "lei", de fato, para certos fins, "foi dada por Moisés", mas toda "graça e verdade vieram por Jesus Cristo".

Não há, nunca esteve no mundo, nem nunca haverá, a menor dose de santidade, exceto o que, fluindo de Jesus Cristo, nos é comunicado pelo Espírito, de acordo com a verdade e promessa do evangelho.

 

Pode haver algo parecido, quanto aos seus atos externos e efeitos (pelo menos alguns deles), que é apenas o fruto dos próprios esforços dos homens, em conformidade com suas convicções, mas não é santidade, nem é do mesmo tipo ou natureza da santidade.

Os homens são muito capazes de se enganar com isso; é o desígnio da razão corrompida rebaixar todos os mistérios gloriosos do evangelho, e todas as suas preocupações.

Não há nada em todo o mistério da piedade, desde seu ponto mais alto da coroa (que é a pessoa de Cristo, "Deus manifestado em carne"), para o efeito mais baixo e próximo desta graça, que a razão corrompida não trabalhe para depravar, desonrar e aviltá-lo.

Viria o Senhor Jesus Cristo em Sua pessoa, para ser apenas um mero homem em Sua obediência e sofrimento, apenas um exemplo na Sua doutrina, para ser confinada à capacidade e compreensão da razão carnal; e na santidade que Ele comunica pela santificação do seu Espírito, para ser senão aquela virtude moral que é comum entre os homens, como fruto de seus próprios esforços?

 

Nisto, alguns reconhecerão que os homens são guiados e direcionados a grandes vantagens pela doutrina do evangelho, e animados com isso pelos movimentos do Espírito Santo na dispensação dessa verdade, mas eles não permitirão nada que seja mais excelente ou mais misterioso.

Estas baixas e carnais imaginações são excessivamente indignas da graça de Cristo, a glória do evangelho, o mistério da recuperação de nossa natureza e a cura da ferida que nossa natureza recebeu com a entrada do pecado, junto com todo o projeto de Deus em nossa restauração a um estado de comunhão consigo mesmo. 

Então, nós vemos no texto de abertura [Ef 4: 20-32], quão poderosas operações transformadoras estão envolvidas em nossa santificação, que são dependentes completamente da excelente dignidade do nosso Senhor e Salvador.

 

Todas estas operações poderosas são realizadas em nós pelo Espírito Santo, de modo que se andarmos no Espírito, teremos vida espiritual abundante, mas se O entristecermos e apagarmos, a carne voltará a prevalecer em nós, e ficaremos como que mortos espiritualmente, incapazes para um viver que seja segundo a vontade de Deus e, além disso abriremos uma brecha para o retorno da atuação de demônios nos conduzindo a cair em todas as formas possíveis de tentação, às quais éramos inclinados anteriormente.

Daí a ordenança apóstólica:

“Não apagueis o Espírito.” [I Ts 5: 19]

“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” [Ef 4: 30]

 

O Espírito Santo não somente se entristecerá e apagará Suas operações em nós, por motivo de pecados grosseiros praticados, mas também por negligenciarmos os meios de graça que nos são ordenados, para que Ele continue operando em nós como, por exemplo, a oração, vigilância, meditação diária na Palavra, etc.

Como o Espírito poderá falar, instruir, e dirigir a quem cujo ouvido espiritual se tornou fechado para ouvir Sua voz?

Não são poucos, aqueles que mesmo na Igreja necessitam retornar ao primeiro amor, por atenderem às palavras que o Senhor Jesus Cristo lhes dirige, através do Espírito Santo.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”   

 [Ap 3: 22]


 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 25/10/2021
Alterado em 18/11/2021
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