Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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“Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao SENHOR; o que jura com dano próprio e não se retrata; o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.” [Sl 15: 1-5]

 

Deus é um fogo consumidor para o pecado, de modo que ninguém pode habitar com tais chamas consumidoras a não ser por ter sido santificado. Então é por esta condição recebida por meio da fé em Jesus e por um real trabalho de transformação realizado em nós, para sermos santos assim como Deus é santo, que podemos ter união espiritual com o Senhor.

 

A santidade é requerida de forma absoluta pela justiça de Deus, de forma que necessitávamos de Jesus para que pela sua perfeição e justiça pudéssemos ser considerados perfeitos por Deus por estarmos em Cristo. Não há outra maneira de pecadores poderem habitar com um Deus que é um fogo consumidor para o pecado.

A nossa santidade, apesar de ser de caráter evangélico, ou seja, por ser realizada por meio de Jesus, também consiste em três partes principais, a saber: 

(1.) Uma mudança interna ou renovação de nossas almas (nossas mentes, vontades e afeições) pela graça;

(2.) A conformidade universal com a vontade de Deus em todos os deveres de obediência e abstinência do pecado feita por um princípio de fé e amor, mediante ação do poder do Espírito Santo em nós;

(3.) Uma designação de todas as ações da vida, para a glória de Deus por Jesus Cristo, de acordo com o evangelho - isso é santidade; assim ser e assim fazer, é ser santo.

Nunca é demais lembrar, que tudo isso é possível somente para aqueles que já foram justificados e regenerados por meio da graça e mediante a fé. A santidade não é uma coisa oca, morta, aparente, mas a expressão viva do poder e amor de Cristo atuando em nós e por nós, através do Espírito Santo. 

 

A natureza de Deus revelada a nós com nossa dependência dEle, nossa obrigação de viver para Ele, com a natureza de nossa bem-aventurança no gozo dEle, requer indispensavelmente que sejamos santos.

Em todo lugar na Escritura, a santidade da natureza de Deus se torna o princípio fundamental e a razão da necessidade de santidade em nós.

O próprio Deus faz disso, a base de Seu mandamento para a santidade:

"Eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo"... [Lv 11: 44]

Assim também;

“Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”.
“Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus”. [Lv 19: 2; 20: 7]

E, para mostrar a equidade eterna e a força desta razão, é transferido para o evangelho:

"pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo." [1 Pe 1: 15,16]

 

Deus permite que saibam que Sua natureza é tal, que a menos que sejam santificados e santos, não pode haver tal relação entre Ele e os homens, como deveria existir entre um Deus e Seu povo.

Portanto, Ele declara que o sentido da aplicação desse preceito é este:

"Eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo." [Lv 11: 45]

Em outras palavras, "Sem isso, a relação projetada não pode ser mantida; que eu deveria ser seu Deus e você deveria ser meu povo."

A descrição que nos é dada sobre a Sua natureza tem o mesmo propósito:

"Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal".

Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade”.

Tu destróis os que proferem mentira; o SENHOR abomina ao sanguinário e ao fraudulento". [Sl 5: 4-6]

Isso corresponde ao que o profeta diz:

"Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar"... [ Hb 1: 13]

 

Ele é tal Deus, isto é, tal é Sua natureza tão pura, tão santa, que antes da consideração de quaisquer atos livres de Sua vontade, é evidente que Ele não pode aceitar prazer em tolos, mentirosos, ou obreiros da iniquidade.

Josué disse ao povo, que se eles continuassem em seus pecados, não poderiam servir ao Senhor;

"Então, Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor, porquanto é Deus santo, Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados". [Js 24: 19]

 

Todo serviço das pessoas ímpias a este Deus é totalmente perdido e jogado fora, porque é inconsistente com Sua própria santidade para aceitá-lo.

Nosso apóstolo argumenta da mesma forma:

"Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor, porque o nosso Deus é fogo consumidor". [Hb 12: 28,29]

 

Ele apresenta seu argumento para a necessidade da graça e santidade na adoração a Deus, a partir da consideração da santidade de Sua natureza que, como um fogo consumidor vai devorar o que é impróprio para ela, inconsistente com isso.

Não haveria fim de perseguir este motivo para a necessidade de santidade, em todos os lugares onde é expressamente proposto na Escritura.

Eu vou apenas acrescentar, em geral, que no passado Deus exigia estritamente que nenhum profano, nenhum impuro, nenhuma coisa contaminadora devesse estar no acampamento de Seu povo - isso, por causa da Sua presença entre eles, pois Ele é santo.

Assim, sem uma exata observância disso, Ele declara que irá partir e deixá-los.

O Deus a quem servimos e adoramos é absolutamente santo, que o ser e a natureza dEle são tais, que Ele não pode ter nenhuma relação agradável com qualquer um que seja profano.

 

Aquele que resolve não ser santo é melhor procurar outro deus para adorar e servir, pois ele nunca será aceito por nosso Deus.

Os pagãos que se entregaram a toda imundície com deleite e avidez, sufocaram as noções de um Ser divino.

Eles não queriam que essas noções os controlassem em seus pecados e prazeres, então imaginaram deuses para si mesmos, que eram ímpios e impuros, para que pudessem se conformar livremente com eles e servi-los com satisfação.

O próprio Deus nos permite saber, que os homens de vida ímpia e maligna têm alguns pensamentos secretos, de que Ele não é santo, mas que é como eles. Todavia, o fato de não apontar-lhes imediatamente seus pecados, o silêncio do Senhor não significa que não se importe ou então que seja tolerante com os pecados tal como eles o fazem, pois diz expressamente:

“Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista”. [Sl 50: 21]

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/11/2021
Alterado em 03/03/2022
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