Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos

 

1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um." [Rm 12: 1-3]

 

Em I Co 6: 13, lemos:

“... porém o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo” - No contexto em que é dito, que o corpo é templo do Espírito e não deve ser usado para a prática do pecado.

Nisto se aplica o raciocínio apresentado em Rm 6: 11-13.

“11 Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.

12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;

13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”

 

Uma consagração real a Deus implica em uma consagração total, tanto do corpo, quanto da alma e do espírito. Assim, o que o apóstolo tem em vista ao falar em apresentação do nosso corpo a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Ele, ou seja, em que seja inteiramente aceito como oferta de aroma suave, não é uma referência a macerações ou práticas ascéticas do corpo físico, e muito menos a um sacrifício cruento, pois não se fala em sacrifício por morte do corpo, mas sacrifício vivo.

Temos, portanto uma referência à negação do uso do corpo contra aquilo que seja da vontade de Deus, a qual pode ser conhecida somente por uma renovação da nossa mente pelo Espírito Santo, por implantar na mesma, a lei da graça e pensamentos espirituais, celestiais e divinos, e toda vigilância espiritual para decidir pelo que é santo, bom e agradável a Deus, e não por aquilo que seja pecaminoso e segundo o modo de ser do mundo.

"11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.

12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.

13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.

14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

15 Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.

16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo." [I Co 2: 11-16]

 

A mente de Cristo foi implantada no crente, conforme o cumprimento da promessa feita por Deus, de colocar na mesma a lei da graça, segundo a nova aliança, conforme a operação do Espírito Santo, para que conheçamos o que nos foi dado por Deus, em Cristo.

A mente que é assim inclinada para o Espírito, é renovada por Ele e passa a ser mente espiritual, e não apenas mente natural, pois esta última pode somente discernir as coisas que são naturais, e a primeira é a única capaz de discernir o que é espiritual.

 

"1 Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.

2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais.

3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?" [I Co 3: 1-3]

 

Ao dizer que os crentes coríntios eram carnais, o apóstolo não pretendeu afirmar que eles ainda estavam na carne em uma condição inteiramente carnal, como é o caso dos não regenerados, mas que em vez de estarem seguindo o pendor do Espírito, mortificando o pecado, estavam deixando se conduzir segundo o homem natural, sem estarem fazendo progresso em santificação por um crescimento espiritual.

Daí ter se referido a eles como carnais, porque estavam seguindo o pendor da carne, que dá para a morte espiritual, que nos impede de discernir e fazer a vontade de Deus.

"16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado." [I Co 3: 16, 17]

 

Em nossa mordomia, da qual deveremos prestar contas a Deus no Tribunal de Cristo, está incluída também, a mordomia do uso que fizemos do nosso corpo, o qual devemos cuidar não apenas em suas necessidades normais naturais, para que se mantenha saudável e limpo, como também no emprego de seus membros somente para fazer aquilo que é justo segundo Deus.

Como o corpo do crente é habitado pelo Espírito Santo, ele também deve ser preservado santo, pois caso venha a ser destruído como santuário de Deus, aquele que o fizer também será destruído por Ele.

Contudo, priorizemos a vida do espírito para além do cuidado com o nosso corpo físico, porque este está destinado a voltar ao pó, enquanto que o espírito é renovado dia a dia quando nos consagramos a Deus, até ser atingida a perfeição em glória que teremos no porvir.

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/01/2022
Alterado em 28/04/2022
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