“Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não.
Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.
Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.
Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo.
Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo". [I Co 6: 15-20]
Os crentes devem vigiar contra o pecado e todos os seus movimentos, por mais secretos que sejam. Todos eles contaminam a consciência.
É evidência de uma alma graciosa, estar vigilante contra o pecado por causa disso.
As convicções do Espírito em nós quanto ao pecado tornam os homens cautelosos, onde elas estão predominantes, por representações contínuas do perigo e punição do pecado. Estas convicções são um motivo aceitável para os crentes se absterem do pecado em todas as instâncias.
A consideração do terror do Senhor, o uso das ameaças tanto da lei como do evangelho, declaram que este é nosso dever.
Nao deixe ninguém dizer que este é um medo servil, pois esse temor que nos impede de pecar e excita a alma para se apegar mais firmemente a Deus, qualquer que seja o seu objetivo, não é medo servil, mas um santo temor, ou uma devida reverência a Deus e sua Palavra.
Este é o mais genuíno temor gracioso do pecado, a saber, quando tememos sua contaminação e sua contrariedade à santidade de Deus - esse temor é fruto natural da fé e do amor.
E, acima de tudo devemos considerar seriamente, que é o pecado que nos afasta da comunhão com Deus, e produz em nós o estado de fraqueza e debilidade geral, que consiste na morte espiritual.
O salário do pecado é a morte em todos os seus sentidos - é isto que ele paga aos que vivem pecando; por isso a promessa de vida é feita aos que mortificam o pecado, em várias passagens bíblicas, como a de Romanos 8; 13, e a ameaça de morte também é citada para aqueles que não mortificam o pecado.
Vemos portanto, quão essencial e vital é que mantenhamos uma mente renovada pela Palavra de Deus, mediante aplicação do Espírito Santo, em pensamentos espirituais, celestiais e divinos, e em toda a vigilância espiritual sobre os movimentos de Satanás e do pecado, que atuam em nossa natureza terrena. Somente pela graça que atua na nova criatura; em nosso novo homem é que eles podem ser vencidos.
Deus implantou Sua lei na mente e no coração dos crentes, conforme Sua promessa desde os dias do Antigo Testamento, quanto ao que faria na Nova Aliança feita com Jesus Cristo; mas ainda assim esta mente e coração necessitam ser continuamente renovados pelo Espírito Santo, porque a mudança prometida significa um processo em tramitação até o aperfeiçoamento total do crente na glória celestial.
Já naqueles que não são regenerados pelo Espírito Santo, é afirmado na Bíblia que suas mentes e consciências estão corrompidas, pelo que são reprovados para toda boa obra. [Tito 1: 15, 16]
O próprio crente deve vigiar para que sua mente não seja corrompida pelo engano do pecado e do diabo [II Co 11: 3], mas disto podem se recuperar por meio da confissão e do arrependimento.
Enquanto o Espírito Santo não trabalhar em nós, o convencimento do que seja de fato o pecado em nossa natureza decaída, podemos estar caminhando muito satisfeitos conosco mesmo, pensando que este mundo é maravilhoso e que por fim, toda a humanidade há de alcançar uma condição em que somente reine entre todos, paz, amor, felicidade, respeito mútuo, humildade, mansidão, domínio próprio, pensamentos puros, cooperação no bem, etc., sem a necessidade de qualquer intervenção de Deus, ou necessidade de se crer em Cristo.
Porém, isto é sonhar acordado com utopias e quimeras, pois o pecado somente será erradicado do mundo, quando Jesus voltar e colocar os ímpios à Sua esquerda para juízo, e os santos à direita para entrarem na posse da glória eterna.
Somente nos preserva eficazmente contra o pecado, o ter uma apreensão da poluição com a qual o pecado é acompanhado, juntamente com os pensamentos da santidade de Deus, e do cuidado e preocupação do Espírito santificador, bem como do sangue de Cristo, habitando continuamente em nossas mentes.
E, não se pense que quando a Bíblia condena o pecado, ela se refere apenas a falhas morais, pois o que deve ser curado é o estado ruim de alma, decorrente de nossa natureza decaída que se rebela contra Deus e Sua vontade, portanto a toda possibilidade de uma unidade espiritual em amor com Ele, e com todos os que são santificados.
2. É nosso dever andar humildemente diante do Senhor todos os nossos dias.
A despeito de nossa vigilância máxima e diligência contra o pecado, ainda não há "nenhum homem que viva e não peque." [1 Rs 8: 46]
Deus sabe, e nossa própria alma sabe que estamos mais ou menos contaminados em tudo o que fazemos.
O melhor de nossas obras e deveres, trazidos à presença da santidade de Deus, são apenas como trapos imundos. [Is 64: 6]
De si mesmo, todo homem - "bebe iniquidade como água." [Jó 15: 16]
Nossas próprias roupas estão prontas para nos contaminar todos os dias. [Lv 11:32]
Assim, devemos nos esforçar continuamente,para a destruição do pecado pela raiz e princípio disso. É a fé do justo que o torna humilde diante de Deus, e é a soberba do ímpio que faz com que sua alma seja uma abominação para Deus.
Existe uma raiz do pecado em nós, que brota e nos contamina.
"Todo homem é tentado" (isto é, principalmente) "por sua própria concupiscência", e seduzido; e então "quando a concupiscência concebeu, produz o pecado". [Tg 1: 14,15]
É "a carne que luta contra o Espírito" [Gl 5: 17], e produz frutos corrompidos e corruptores, poluídos e poluentes.
Este princípio de pecado - de aversão a Deus, de inclinação para coisas sensuais; embora ferido, enfraquecido, destronado e prejudicado que seja - ele ainda permanece em todos os crentes, por isso necessita ser continuamente mortificado.
Se nós quisermos aperfeiçoar continuamente a obra de santidade, no temor do Senhor [2 Co 7: 1], é contra esta raiz de pecado que nós devemos nos colocar.
A árvore deve ficar boa se esperamos bons frutos; e a raiz do mal deve ser desenterrada, ou então frutos maus serão produzidos.
Há necessidade, não apenas de abastecer a mente com pensamentos santos e espirituais, mas também vigiar contra a guerra que a lei do pecado, que opera na carne mantém contra a nossa mente, mesmo quando esta se encontra renovada pelo Espírito Santo.
Sempre devemos ter isso em mente, pois no afã de buscarmos um procedimento correto é muito comum que nos tornemos frios legalistas, esquecidos de que buscar meramente um viver segundo a Lei, não significa necessariamente o meio de nossa aproximação de Deus, pois tal viver em reto procedimento é uma evidência e consequência de nossa comunhão real com Ele, pois não há nenhum poder e vigor, de nós mesmos, em nossa alma, para amarmos ao Senhor e fazer a Sua vontade, caso não tenhamos nascido de novo do Espírito, e que recebamos este vigor e poder dEle mesmo operando em nós capacitando-nos para amá-lO e para toda boa e verdadeira obra, mediante uma fé genuína em Jesus Cristo, que se tornou da parte de Deuys para nós a nossa vida, justiça, santificação, redenção e sabedoria.