“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” [I Pedro 5: 10]

Um dos principais objetivos das terapias e clínicas nos campos da medicina, da psiquiatria, da psicologia e de muitas religiões, etc, é o de livrar o ser humano de sofrimentos produzidos, principalmente por enfermidades quer do corpo, quer da alma, como que disto somente dependesse uma vida plena, bem-sucedida e feliz, mas quando confrontamos este propósito citado com o todo da revelação bíblica, nós vemos que as aflições, tribulações, e sofrimentos fazem parte da experiência humana neste mundo, especialmente dos crentes quando estão sendo aperfeiçoados, firmados, fortificados, e fundamentados por Deus; sobretudo se estes sofrimentos e aflições são santificados, ou seja, motivados por amor a Cristo e ao Evangelho.

Aqueles que nos dias de Jesus buscavam somente curas físicas e emocionais, mas que não se arrependeram de seus pecados para se converterem a Ele, foram duramente repreendidos e ameaçados como sendo dignos de um juízo rigoroso no grande Dia do Juízo Final.

Deus, de sua própria plenitude se comunica com suas criaturas, seja por meio da natureza ou por meio da graça - em nossa primeira criação, Deus implantou Sua imagem em nós, em retidão e santidade, em e fazendo ou criando nossa natureza.

Se tivéssemos continuado nesse estado, a mesma imagem de Deus seria comunicada por propagação natural, mas desde a queda e entrada do pecado, Deus não comunica mais santidade a ninguém, por meio de natureza ou propagação natural. Se Ele fizesse isso, não haveria necessidade para todos os nascidos, para nascer de novo antes que possam entrar no reino de Deus, como nosso Salvador afirma em João 3: 3. 

"A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus".
- porque ele pode ter graça e santidade desde seu primeiro nascimento, mas não poderia ser dito dos crentes, que eles são "nascidos não de sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus," João 1.13, pois a graça poderia ser propagada a eles por aqueles meios naturais.

"Aquilo que é nascido da carne é carne;" e não temos nada mais por propagação da natureza.

Deus se comunica nada em uma maneira de graça a ninguém, exceto em e pela pessoa de Cristo, como o mediador e cabeça da igreja, João 1.18.

Na velha criação, todas as coisas foram feitas pela Palavra eterna, a pessoa do Filho, como a Sabedoria de Deus, João 1.3; Col 1.16. Não havia emanação imediata do poder divino da pessoa do Pai para a produção de todos ou quaisquer seres criados, exceto na e pela pessoa do Filho - sua sabedoria e poder eram o mesmo que agiam nele.

[1] Há grande refrigério espiritual naquela tristeza religiosa que está no trabalho das nossas orações.

Onde o Espírito Santo está, há um Espírito de graça e súplica, ele causa lamento, e naquele luto há alegria.

[2] O encorajamento secreto que nós recebemos, quando oramos, para buscarmos a Deus em oração para ter um pouco da experiência deste desvanecimento santo, entretanto nós podemos não ter uma evidência sensível disto.

São inúmeros os benefícios, vantagens e efeitos da oração; crescimento em graça e consolação são a substância deles.

Onde há perseverança em oração, haverá crescimento espiritual em alguma proporção. 

Por este meio, então, nós saberemos qual é a fonte daqueles pensamentos espirituais que nossas mentes utilizam em nossas súplicas - se eles são influenciados por uma constante e diária vigilância, para a preservação daquela condição de espírito, daquelas disposições e inclinações às coisas espirituais pelas quais nós oramos, então eles são resultantes de uma operação interna da graça.

Se, geralmente há uma inutilidade em nossas mentes quando fazemos nossas orações, o dom pode estar em exercício, mas a graça estará faltando - e não poderemos perseverar na comunhão em amor com o Senhor, quando estivermos debaixo de provações e sofrimentos.

Para o psicanalista, se o paciente vencer a causa de suas tristezas, o grande objetivo foi alcançado e, agora a pessoa está livre e vitoriosa, porém para o conselheiro cristão, a tristeza não significa necessariamente escravidão ao mal ou derrota, pois pode ser o meio usado por Deus para salvação, ou edificação da alma, de quem está sendo contristado por Ele.

O drama da humanidade não é, o de que ela esteja sujeita às deformações e danos que foram produzidos pelo pecado original em todos os homens, mas sim, que não se recorra pela fé à graça de Jesus, para que possamos ser salvos e restaurados por Ele.

Assim, pois quer vivamos ou morramos, somos do Senhor.

Se nos entristecemos ou nos alegramos, somos mais do que vencedores por meio de Jesus Cristo.