“Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus".
"Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele".
"Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça".
"Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” (Romanos 8: 8-11)
Não há renovação de mente sem a operação direta de Deus na implantação da lei da graça na mesma, bem como na transformação de nosso coração de pedra em coração de carne, mas não se pense que isto é feito sem a participação do crente, pois há necessidade que abasteça a mente com pensamentos celestiais, espirituais e divinos extraídos da Bíblia, e que os aplique de forma prática em seu viver através de exercícios de disciplina continuados na piedade.
Os que pensam que a renovação da mente nos vem por experiências meramente místicas, de êxtases espirituais, estão muito enganados quanto ao significado da renovação realmente bíblica, pois esta se funda na verdade da Palavra pela qual somos santificados.
Esta verdade deve ser aprendida intelectualmente, para que possa ser conhecida e aplicada pelo Espírito.
É pelo conhecimento real e espiritual de Jesus que somos justificados (Is 53: 11; João 17.2,3), e somos chamados a crescer neste conhecimento do Senhor (II Pe 3: 18), depois de sermos justificados.
Precisamos da luz natural para conhecermos as coisas naturais, e de luz espiritual para conhecermos as espirituais, sobretudo o próprio Cristo; daí ser exigido das virgens, que tenham suas lâmpadas acesas para recepcionarem o Noivo.
A falta de azeite e, por conseguinte de luz, significa esta falta de conhecimento, e permanência nas trevas da ignorância do pecado. Os que são justificados são impelidos pelo Espírito Santo, a prosseguirem no conhecimento do Senhor - isto é feito na santificação, pela Palavra.
Devemos estar no trabalho de conhecer a Jesus, segundo o que aprendemos na Palavra, para sua aplicação na reeducação/renovação de nossas mentes.
É isto que nos torna agradáveis a Deus, e não meros êxtases espirituais ocasionais, como muitos costumam assim imaginar.
É importante estarmos conscientes de que apesar de nossas fraquezas e muitos impedimentos que encontramos para sermos e agirmos conforme a vontade de Deus, todavia, de um modo ou de outro, se somos nascidos do Espírito Santo, sempre seremos achados nesse trabalho de buscar conhecer mais ao Senhor para fazer a Sua vontade, pois o Seu amor habita em nós, e somos impelidos a isto porque também O amamos. Daí acharmos graça e favor aos Seus olhos na Nova Aliança de misericórdia que estabeleceu para que pudéssemos ser reconciliados com Ele.
Aqui soa alto e bom som o dito de Jesus: "Sem Mim nada podeis fazer", e que não passamos de servos inúteis, pois por maiores que sejam os nossos esforços rumo à perfeição, sempre estaremos muito longe disso enquanto neste mundo, de modo que Jesus se tornou da parte de Deus Pai para nós, o nosso tudo em tudo. Glórias ao Seu Santo Nome e obra de salvação pela qual somos tornados aceitáveis a Deus.
Deus trabalha real e eficazmente, a graça santificante, força espiritual e santidade, nos crentes - na verdade, é aquela graça pela qual eles são capazes de acreditar e serem santificados - e isso realmente os santifica mais e mais, para que sejam preservados "irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo."
O que quer que seja trabalhado nos crentes pelo Espírito de Cristo, está em união com a pessoa de Cristo. O Espírito Santo é a causa imediata e eficiente de toda graça e santidade.
Agora, o fim para o qual o Espírito Santo é enviado e, consequentemente de tudo o que Ele faz ao ser enviado, é glorificar a Cristo; e Ele o faz por receber de Cristo e comunicá-lo aos outros. (João 16: 13-15)
Ele efetua duas obras deste tipo:
Primeiro, para nos unir a Cristo; e, em segundo lugar, para nos comunicar toda a graça de Cristo, em virtude dessa união.
(1) Pelo Espírito estamos unidos a Cristo, isto é, unidos à Sua pessoa, e não como uma luz dentro de nós, como alguns pensam; nem estamos unidos à doutrina do evangelho, como outros com igual loucura parecem imaginar.
É pela doutrina e graça do evangelho que estamos unidos, mas é a pessoa de Cristo com quem estamos unidos; pois "aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele" (1 Co 6: 17), porque é por aquele Espírito que está unido a ele, porque;
"por um Espírito, todos nós somos batizados em um corpo", (1Co 12: 13)
Implantados no corpo, e unidos à cabeça, portanto;
"se não temos o Espírito de Cristo, não somos dele", (Rm 8: 9)
Somos dEle, isto é, somos unidos a Ele por uma participação em seu Espírito; e por esta união, Cristo está em nós, pois "Jesus Cristo está em nós, a menos que sejamos réprobos",
"Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados" (2 Co 13: 5) - isto é, Ele está em nós "pelo seu Espírito que habita em nós",
(Rm 8: 9) (1Co 6: 19)
Deus começou a criação natural da humanidade, a partir de um único homem (Adão), e é a partir de um único homem (Cristo), que Ele também está formando a nova criação espiritual.
Bilhões chegaram à existência a partir de Adão, por meio de todos os atos de reprodução que ocorreram no mundo, e muitos também estão chegando à existência espiritual e eterna, através de Jesus Cristo.
Toda pessoa carrega consigo o mesmo material genético, que habitou primeiro e originalmente em Adão, de quem todos descendemos, e todo o que é nascido de novo do Espírito carrega consigo a graça que há somente em Cristo.
Desde a fundação do mundo, Deus tem enchido os celeiros celestiais com as almas santificadas que tem colhido na Terra, por sucessivas gerações que faz surgir em sua lavoura.
Uma das evidências dos que são gerados de novo pelo Espírito Santo para serem colhidos por Deus, é a de que nossos pensamentos sobre as coisas espirituais procedem de uma fonte interna de luz e afetos santificados, ou que eles são espiritualmente atos ou frutos de nossa espiritualidade, é que eles abundam em nós, que nossas mentes estão cheias com eles.
Nós podemos dizer deles como disse o apóstolo sobre outras graças:
“Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Pe 1: 8)
Quando nossos pensamentos fluem como água viva em nós, com um fluxo cheio e atual; é porque há uma medida de abundância necessária para comprovar nossa espiritualidade.
Há um efeito duplo designado em Romanos 8: 6.
1º – “vida”
2º – “paz”.
A consequência da operação interna da graça é "vida", mas também é "paz", e isto depende deste grau e medida de nossos pensamentos espirituais; e é isto que temos que considerar, porque se diz que é a inclinação do Espírito que produz tal vida e paz.
Esta inclinação do Espírito em nós significa que somos dirigidos pelo Espírito, como espirituais e não como carnais, porque estes, em vez de vida e paz, caminham para a morte.
Nós temos aprendido que estes pensamentos santos e verdadeiros da Palavra substituem todos os pensamentos carnais a eles opostos, que se encontram em nosso consciente ou subconsciente.
É por este meio que somos transformados e curados de nossas enfermidades da alma e do espírito, e passamos a ser pessoas em que fluem a paz e segurança que procedem do amor de Deus.
No homem espiritual há uma prevalência de bons pensamentos, porque ele é guiado pelo Espírito - mas, no homem carnal há uma prevalência de maus pensamentos, porque o homem mau não pode tirar do mau tesouro do seu coração coisas boas.
Mesmo nos que são espirituais, em razão da natureza terrena que neles habita, há de atravessar diariamente em suas mentes, maus pensamentos, ainda que não de forma prevalecente.
Assim, todos estão sujeitos à ação do pecado em razão da vaidade e maldade dos pensamentos e imaginações do coração. Nós não podemos então, ter nenhuma maior evidência de mudança em nós deste estado, do que uma mudança que for forjada no curso de nossos pensamentos.
Uma renúncia deste ou daquele pecado particular, não é uma evidência de mudança deste estado, porque como foi dito, tais pecados particulares procedem de cobiças e tentações, e são uma consequência universal imediata daquela depravação da natureza que é igual em todos.
Por isso é necessário, que o homem nasça de novo para que possa vencer o princípio operante do pecado; assim o fluxo de nossos pensamentos é mudado, e nossas mentes ficarão cheias das inclinações e disposições desta nova natureza recebida no novo nascimento.
O propósito da convicção é pôr uma parada nos maus pensamentos, reduzindo drasticamente o número deles.
Não merece o nome de convicção de pecado o que respeita somente a ações externas, e não considera as ações interiores na mente; isto somente por um período, porque as mentes e corações dos homens estão fabricando continuamente novos pensamentos e imaginações; a faculdade cognitiva sempre está trabalhando.
Como os fluxos de um rio poderoso que colide com o oceano, assim são os pensamentos do homem natural, e pelo seu ego eles colidem com o inferno, sem que seja possível parar o fluxo do rio de tais pensamentos, sobretudo os inconscientes que se apegam à alma e governam nossa vida.
Assim, nós devemos abundar em pensamentos espirituais.
E, para este propósito o conselho do apóstolo é:
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais.” (Ef 5: 18,19)