Sinais e Ameaças de Julgamentos de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 6
Por John Owen (1616-1683)
Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra
Nota do Tradutor: Quando Deus buscou separar um povo para Si, Ele não procurou uma nação forte e poderosa para lhe dar alguns mandamentos a fim de que fossem observados, mas começou a formar um povo a partir de um homem (Abraão), ao qual deu mandamentos, estatutos e juízos para serem guardados por todos os seus descendentes que seriam trazidos à existência, a partir de Isaque e Jacó, respectivamente, seu filho e neto - isto prefigurava a formação de uma outra nação espiritual que seria composta por pessoas de todas as partes do mundo, por meio da fé em Jesus Cristo.
Por meio de Um, um povo numerosíssimo seria trazido à existência; este povo seria lavado de seu pecado no sangue de Jesus, e receberia uma nova natureza para serem santificados por meio da operação do Espírito Santo, e aplicação da Lei em suas mentes e corações.
Este povo de Deus é formado de forma separada, recebendo mandamentos específicos para guardar, de modo que se diferenciem dos modos e costumes mundanos das nações. A nação do Senhor deve ser em essência, uma nação santa, pura e separada que reflita o caráter do próprio Cristo.
É neste povo santo que Deus concentra o Seu maior interesse e cuidado, uma vez que os ímpios inconversos não terão parte no Seu reino de glória.
Este é o motivo, pelo qual Ele permite que haja governantes injustos e ímpios sobre as nações, por longo tempo em seus respectivos governos, como foi o caso do rei Manassés de Israel, que fez atrocidades sobre o povo durante 55 anos seguidos, e de tantos outros governantes e magistrados, conforme tem testemunhado a história da humanidade.
Todos serão sujeitados ao grande Dia do Juízo Final, e desde que partem deste mundo permanecem nas chamas do inferno, num castigo que se prolongará por toda a eternidade.
Assim, não se deve julgar que seja Satanás quem detém o controle sobre as nações, pois é apenas permitido a ele, que seja o chicote de Deus para castigar a impiedade dos homens. Uma parte dos juízos divinos são executados neste mundo, pelas mãos do diabo e dos demônios.
Como o pecador não ama a verdade e não vem para a luz, Deus permite que ele permaneça nas trevas, colhendo o fruto amargo das suas más ações, pensamentos, e palavras.
Se um ímpio notório sobe ao poder, conforme foi o caso de Pôncio Pilatos e tantos outros, é porque o Senhor tem um propósito nisto, para demonstrar que é Justo Juiz quando julgar e condenar eternamente estes que afligem os santos.
Voltemos a John Owen:
2. É necessário a reivindicação da fidelidade de Deus em suas ameaças, distribuídas pela revelação divina; por isso, Ele sempre, desde o princípio do mundo testificou de Sua própria santidade e justiça, que são as expressões mais apropriadas.
Assim, o apóstolo declara os pensamentos das mentes dos homens profanos e ímpios [2 Pe 3: 3, 4], portanto há uma condecoração para as excelências divinas, para que Deus, a seu próprio jeito e tempo reivindique sua fidelidade em todas as Suas ameaças.
3. Deus, por sua vez se manifesta como um Deus que ouve orações, em relação aos clamores de suas testemunhas pobres e afligidas no mundo.
Quando o mundo abunda em pecados provocadores, especialmente de sangue e perseguição, há um clamor conjunto a Deus daqueles que sofreram, e daqueles que sofrem no céu e na Terra, pela vingança contra os pecadores obstinados e impenitentes.
"Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los"?
"Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra"? [Lucas 18: 7,8]
"Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra"? [Apocalipse 6:10]
4. "Visto como não se executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal." [Eclesiastes 8: 11]
Deus sabe que, se a impunidade neste mundo deve sempre acompanhar os pecadores provocadores, a tentação seria muito forte e poderosa para a fé dos crentes fracos; o que aliviará por exemplos frequentes de Sua autoridade.
Em uma continuação sucessiva de julgamentos anteriores sobre pecadores impenitentes, há uma evidência incontestável dada à certeza desse julgamento final, a que toda a humanidade deve ser chamada.
Então, o apóstolo prova isso, e insinua que é uma coisa tola o efeito da obstinação no pecado, se os homens não aprendem a determinação e aproximação do julgamento eterno, pelo afogamento do velho mundo, e a conflagração de Sodoma, com exemplos semelhantes de severidade divina, .
"tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões". [2 Pedro 3: 3]
Quando um povo ou uma nação está tão cheio de pecado, ou quando o pecado abunda entre eles, como, em conjunto com as coisas a seguir insistidas, para fazer a sua salvação ou libertação impossível, sem arrependimento e reforma, nesse caso, não há espaço nem lugar para o arrependimento ou a reforma.
Deus esconde deles as coisas que dizem respeito à sua paz, para que possam ser destruídos de forma absoluta e irrecuperável.
"Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva";
"pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite".
"Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão". [I Tes 5: 1-3]
"E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria".
"Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém";
"então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda".
"Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira",
"e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos".
"É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira",
"a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça".
"Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade", [ II Tes 2: 6-13]