Citações de William Gurnall 7
A espada do Espírito tem sua ponta e gume, por meio da qual penetra no coração e na consciência, por meio da impenitência de um e a estupidez de outro (com que Satanás com suas armas, põe o pecador contra Deus), e lá corta, mata e mortifica a luxúria em seu próprio castelo, onde Satanás pensa ser inexpugnável.
A couraça que é de Deus não se dobra, nem se quebra a cada toque de tentação, mas tem um têmpera tão divina, que repele os movimentos de Satanás com desprezo.
Nunca chame de armadura de Deus, aquilo que não te defende contra o poder de Satanás.
Agora, eu não te peço que experimente a verdade da graça, por um poder, como é peculiar à graça mais forte, mas por aquele poder que a distingue da falsa.
A verdadeira graça, quando mais fraca é mais forte do que a falsa, quando mais forte. Há um princípio de vida divina nela que a outra não tem.
Tão baixa pode ser a maré da queda da graça, mas a verdadeira graça aparecerá com maior força do que a outra.
1. Este princípio da graça nunca irá embora até que a alma chore amargamente, como Pedro, por ter ofendido tanto a Deus.
Fale, ó hipócrita; você pode mostrar uma lágrima que sempre derramou com sinceridade por um mal feito a Deus?
Possivelmente, você pode chorar ao ver o leito de tristeza que seus pecados estão fazendo por você no inferno, mas você nunca amou a Deus também, para lamentar o dano que causou ao nome de Deus.
Assim, vemos uma excelência da tristeza do santo, acima da do hipócrita.
O cristão, por sua tristeza se mostra um conquistador daquele pecado que mesmo agora o venceu; enquanto o hipócrita, por seu orgulho se mostra escravo de uma luxúria pior do que aquela que resiste. Enquanto o cristão comete um pecado que odeia; o ímpio o adora, enquanto o cristão dele se abstém.
O crente nunca é considerado derrotado por Satanás, enquanto continuar lutando para vencer seus pecados. Onde há continuidade da guerra, não pode haver vencedor, portanto confesse e continue lutando, e o Senhor será contigo.
2. Quando a verdadeira graça está sob os pés de uma tentação, ainda assim ela despertará no coração um desejo veemente de vingança.
É como um prisioneiro nas mãos de seus inimigos, que está pensando e tramando como sair, e o que fará quando estiver fora, esperando e ansiando a cada minuto por sua liberdade, para que possa pegar novamente em armas.
"Sansão clamou ao Senhor e disse: Senhor Deus, peço-te que te lembres de mim, e dá-me força só esta vez, ó Deus, para que me vingue dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos". (Juízes 16: 28)
Assim ora a alma graciosa, para que Deus apenas o poupe um pouco e o fortaleça apenas uma vez antes que morra, para que se vingue de seu orgulho, incredulidade, e aqueles pecados pelos quais ele mais desonrou a Deus. Mas, um falso coração está tão longe de estudar a vingança contra o pecado que, ao contrário, ele se incha mais, como o mar contra a lei que encerra sua força.
(Abrimos aqui, um parêntesis no texto de William Gurnall, porque consideramos importante a esta altura de muitas informações já passadas sobre a armadura completa do cristão, para responder a uma possível indagação da parte de alguém nos seguintes termos:
“Se Deus ama o crente com amor eterno, conforme Ele próprio o expressa em Sua Palavra, por que submeteria estes Seus filhos que são amados por Ele, a tantas lutas; tanto internas, quanto externas, quando sendo tudo possível a Ele, poderia trazê-los a uma condição permanente de perfeita paz e segurança, desde o momento da conversão deles a Cristo, sem que tivessem que se empenhar em qualquer tipo de luta?
Certamente, este é o modo de se pensar da parte de muitos, mas deixam de considerar que é exatamente por amar Seus filhos, que Deus os submete à disciplina da Aliança que fez com Jesus Cristo em relação a eles, de que respondesse em todas as coisas por suas necessidades, sejam elas de qual ordem for, sobretudo aquelas que dizem respeito à sua santificação e crescimento espiritual.
E, sem serem provados não poderiam conhecer em profundidade o amor, proteção e cuidado que Deus tem por eles; não apenas isto, eles também são aperfeiçoados em seu caráter, tendo maior resistência ao mal, e maior aplicação ao bem.
Além disso, deve ser considerado que as lutas neste mundo manterão o crente em constante vigilância e oração. O dever de vigiar e orar é imposto, porque a vida espiritual do crente depende disso, pois é o que o mantém ligado ao Senhor.
Pare de vigiar e orar, ainda que por pequeno tempo, e a vitalidade espiritual terá ido embora - nosso dever de orar e vigiar sem cessar, vem da força do imperativo no mandamento que nos é dado por Jesus e pelos apóstolos - "Vigiai!" e "Orai!"
Mas, isto não explica tudo o que está envolvido nesta questão de Deus ter planejado tal meio, para conduzir Seus filhos à perfeição em glória, depois de lhes permitir conhecer por experiência, qual seja de fato, a real dimensão tanto do bem, quanto do mal, e do quanto dependem de Jesus para tudo.
Porém, ao longo do nosso avanço na apresentação deste assunto, chegaremos a uma melhor compreensão dos decretos e propósitos eternos de Deus, em relação a tudo o que se refira ao combate que Seus filhos devem travar contra o pecado, o diabo, e o mundo.)