Para uma melhor compreensão do motivo de ser a igreja de Corinto, carnal nos dias de Paulo, e de haver divisões entre eles, estamos apresentando a seguir, uma breve exposição sobre mente carnal e espiritual baseado em argumentos do próprio apóstolo Paulo na epístola aos Romanos.
"Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz." (Romanos 8: 6)
"Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis." (Romanos 8: 13)
Pelos contrastes apresentados no texto de abertura (Rom 8: 6) quanto à lei da mente (graça) e a lei do pecado, pode-se entender que a citação de Rm 7: 25 - “com a mente, sou escravo da lei de Deus”, entenda-se que esta lei de Deus, a que a mente de Paulo e de todo crente foi escravizada, é a graça oferecida no evangelho, conforme promessa de Deus de inscrever sua lei na mente e no coração dos crentes.
"Eis aí vêm dias, diz o Senhor , em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá".
"Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor".
"Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor : Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo".
"Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor , porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor . Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei". (Jr 31: 31-34)
Esta lei na mente do crente não é uma lei que exclua a Lei e os Profetas, mas inclui os ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo e dos apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo e constantes do Evangelho, que passa a ser a Lei que governa a mente e o coração dos crentes.
Quando o apóstolo diz, que a lei do pecado encontra-se guerreando contra a lei da sua mente, em Romanos 7, a referência aqui não é a uma lei que a própria mente possui, mas a lei da graça que foi ali implantada por Deus.
A nova natureza recebe constantes ataques da carne, ou velha natureza, ou seja; a luta da carne contra o Espírito e vice-versa.
Na mesma epístola aos Romanos o apóstolo afirma no capítulo sexto, que o crente não está sob a lei, mas sob a graça, e no sétimo, que ele morreu para a lei com Cristo, e que foi libertado da lei, de modo que a nova criatura não está escravizada à lei dos mandamentos, como o que dirige e governa a vida do crente, senão à lei da graça, à lei do Espírito e da vida, como afirmado no início do capítulo oitavo, sem que no entanto, como dito anteriormente, não seja excluída a devida importância e observação por parte do crente, de toda a Lei de Deus, especialmente naquilo que é aplicável à Igreja na dispensação da graça.
A lei não pode salvar, de modo que, se o crente estivesse escravizado à mesma, permaneceria sob sua maldição, e seria condenado para sempre.
“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado",
"a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Rm 8: 3,4)
Paulo diz em Rm 7: 25, ser escravo da lei de Deus com a sua mente, porque a mente convertida a Cristo é mudada, e movida a amar a Deus e aos seus mandamentos para efetivamente cumpri-los, para o atendimento do Seu propósito, de que o crente seja perfeito perante Ele.
A mente de um crente genuíno sempre há de se inclinar para nos levar a praticar o que Deus requer de nós, a menos que seja enganada pelo pecado e o diabo, agindo debaixo de uma convicção falsa de estar fazendo o que é correto e agradável a Ele.
Acrescente-se a isto, que a mente não escolhe nada, não consente em nada, senão sob uma razão boa - como tem uma aparência boa, alguns bons atributos. Não pode consentir em nada sob a noção ou apreensão de ser maligno em qualquer tipo.
O bem é o seu objeto natural e necessário, portanto tudo o que se propõe a ela para o seu consentimento deve ser proposto sob a aparência de ser bom em si mesmo, ou bom presentemente para a alma, ou bom tão circunstancialmente quanto é, porque Deus colocou este instinto no ser humano, de evitar tudo o que possa ser nocivo ao seu corpo ou destruir sua alma, e é isto que nos leva a fugir de perigos, a evitar coisas venenosas, etc. Mas, o poder do pecado de enganar pode iludir a mente na avaliação ou percepção destas coisas ruins; daí decorre a necessidade de diligência e vigilância constante da mente, e de todas as demais faculdades humanas, juntamente com a assistência da graça divina, sem a qual não é possível se obter a vitória.