Deus é Justo em Permitir que Haja tanto Mal no Mundo?
Por que Deus permite que os justos sejam oprimidos, perseguidos e até mesmo mortos pelos ímpios, como ocorre desde o princípio com o assassinato do justo Abel pelo seu irmão ímpio Caim?
Antes de tudo deve ser considerado, que nisto se comprova que não é pelo quanto se vive e se prospera no mundo, que se encontra o grande propósito de Deus em relação à criação do homem, pois o destino da glória final e eterna não é aqui embaixo, deste outro lado do céu, mas na companhia do próprio Deus no Paraíso.
Enoque foi arrebatado ao céu com um terço da idade que a maioria dos homens viviam na terra em seus dias, porque era justo e andava com Deus.
Também, pelo mesmo testemunho de ter sido justo e andado com Deus, somente Noé e sua família foram livrados da destruição de milhões que pereceram e foram para o inferno morrendo nas águas do dilúvio; e temos o mesmo com os habitantes de Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, quando apenas o justo Ló foi livrado para ser reservado tanto quanto Noé, para a vida eterna no céu, no qual já se encontrava antes deles, o próprio Abel.
Não há, portanto um modo de tratamento injusto da parte de Deus, quando permite que o justo seja afligido em sua jornada terrena, enquanto muitos ímpios prosperam e vivem folgada e regaladamente, pois no dia da morte e no juízo final; bem irá ao justo, e mal ao ímpio.
O choro do justo será transformado em alegria perene, e o sorriso do ímpio em tristeza e sofrimento eternos.
Vemos isto sendo afirmado claramente, nas palavras de Paulo em 2 Tessalonicenses 1:
“1 Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo,
2 graça e paz a vós outros, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.
3 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando,
4 a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais,
5 sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo;
6 se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam
7 e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,
8 em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.
9 Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder,
10 quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).
11 Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé,
12 a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
O propósito da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo a este mundo não se encerrou com a sua morte, ressurreição e ascensão, pois a manifestação do Reino do Céu em sua glória final só ocorrerá depois da Sua segunda vinda, que está próxima de ocorrer.
Ele não é somente o Salvador dos que nEle creem, como também o juiz de vivos e de mortos, que retribuirá a cada um segundo as suas obras.
Poucos se dão conta, que depois da morte física segue-se o juízo quanto ao destino final de cada pessoa, a saber; o paraíso para os justos, e o inferno para os ímpios.
“E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo.” (Hebreus 9: 27)
O maior Justo e Santo que já viveu como homem neste mundo foi indiscutivelmente Jesus, e nenhum outro sofreu mais do que Ele toda a contradição dos pecadores, até Sua morte ignominiosamente injusta na cruz.
Mas, é exatamente nisto que vemos a verdade do testemunho de Deus nas Escrituras, de que há um destino eterno diferente para o ímpio e para o justo, porque ainda que o justo viva por pouco tempo neste mundo, como foi o caso de Jesus, o seu destino é a glória eterna; e por maior que seja o tempo que o ímpio viva aqui embaixo, tanto maior será o seu sofrimento eterno.
Temos então, no próprio Jesus, e em tudo o que Ele fez e sofreu neste mundo, o divisor de águas boas e ruins, pois aqueles que estão unidos a Ele em espírito são perdoados e purificados de seus pecados, e tornados boas árvores para darem bons frutos; e aqueles que o rejeitam são também rejeitados e destinados a serem queimados em chamas eternas, que não podem ser extinguidas.
Isto pode ser visto na profecia dada por Deus, a Simeão, quando Jesus, ainda sendo um bebê foi levado por seus pais ao templo, para ser consagrado:
"25 Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
26 Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor.
27 Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava,
28 Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:
29 Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
30 porque os meus olhos já viram a tua salvação,
31 a qual preparaste diante de todos os povos:
32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.
33 E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se dizia.
34 Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição
35 (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações." [Lc 2: 25-35]
É sob esta perspectiva que devemos meditar sobre a morte, ressurreição, e ascensão de Jesus, e não como apenas sendo atos isolados relativos a Si mesmo, pois temos nEle, tanto salvação e juízo para o mundo; e Sua vida significa, tanto aroma de vida para vida nos que são salvos, como também cheiro de morte para a morte nos que se perdem.
Quem não se alimenta dEle para viver de modo santo e piedoso, perecerá eternamente, mas aqueles que dEle se alimentam têm vida eterna.
Com tudo isto, Deus está nos chamando para nos arrependermos dos nossos pecados, e corrermos para Jesus, pela fé, para sermos perdoados, justificados, regenerados e santificados.
Ao mesmo tempo, Ele está ensinando tanto aos santos anjos, e aos próprios pecadores que se arrependem, quão justo será Seu juízo sobre os demônios e os ímpios que não se arrependeram, tanto pelo que Ele já tem feito sob a forma de castigos enquanto estão neste mundo, que prosseguem depois da morte física.
O mesmo sucede quanto aos demônios que ainda têm sido mantidos em cadeias eternas no abismo, em companhia de todas as pessoas que foram enviadas por Ele, para estarem em tão tenebrosa companhia, por todo o mal que praticaram enquanto viviam no corpo.
Não devemos então, tentar julgar o quanto há de justiça da parte de Deus em permitir que haja tanto mal sendo praticado no mundo, quer seja por homens, quer seja por demônios, pois nisto tudo está sendo revelado o quão justo Ele é em condenar ao sofrimento eterno, a todos os que são rebeldes ao Seu amor e vontade, preferindo servir ao diabo do que andarem em Seus santos e justos caminhos. Mas, reserva bênçãos eternas na comunhão amorosa com Ele a todos os que Lhe obedecem.