Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos

 

 

 

 

 

 

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Vejamos o que John Owen tem a nos dizer sobre este assunto nas linhas seguintes:

“Vendo que todas estas coisas serão dissolvidas, que pessoas então deveis ser em todo santo trato e piedade?” - 2 Pe 3: 11

 

Todas as coisas do mundo são responsáveis e suscetíveis a uma dissolução destrutiva. Nossas coisas e as de outros homens; as coisas da nação e as coisas das famílias, tanto quanto estão neste mundo, estão sujeitas a uma dissolução destrutiva.

Então há isto de novo, tenho certeza nas palavras, que na aproximação das grandes e destrutivas dissoluções, é altamente necessário que todos os professantes do evangelho sejam sinais em santidade e piedade, ou seguramente não escaparão da pressão e do mal dessa dissolução destrutiva.

Oro para que acreditemos que não haja nada neste mundo, senão apenas o evangelho de Cristo, o interesse de Cristo, e a graça e misericórdia de Deus na aliança, senão está sujeito a uma dissolução destrutiva.

 

É a lei que passou sobre todas as coisas desde a entrada do pecado. Todas as alterações tendem à dissolução, e todas as coisas neste mundo são colocadas em um curso de mudança.

As coisas mudam a cada dia, e o final de toda essa alteração é a dissolução.

Nossas relações devem todas ser dissolvidas. Há uma dissolução na porta entre vocês e suas propriedades, entre vocês e suas esposas, entre vocês e seus filhos. E, não é uma dissolução perfeita; é uma dissolução destrutiva, que está à porta de todos nós, e todos os dias nos leva em direção a ela.

Mas, há uma reunião do espírito de todas as coisas em uma consistência em Cristo Jesus.  (Efésios 1: 10)

 

Deus reconciliou e ajuntou a todos, como o primeiro fruto e espírito do todo em uma só cabeça, isto é, em Cristo. O que é recolhido nEle nunca muda, nem é suscetível a qualquer dissolução.

O que quer que seja recolhido em Cristo, seja nunca tão pequeno, se todo o mundo se propuser a dissolvê-lo, eles nunca poderão fazê-lo - não, nem os portões do inferno; o que quer que não seja recolhido em Cristo, se todo o mundo se unir para preservá-lo, nunca o fará, ele chegará à sua dissolução.  (Salmos 75: 3,  5)

 

São as palavras de Cristo:

“Vacilem a terra e todos os seus moradores, ainda assim eu firmarei as suas colunas.”

“Deve haver uma marca”, diz ele, “posta sobre isso, para sua dissolução”.

“São”, isto é, apenas sendo suscetível para a dissolução. Eles não têm nada em si para lhes dar uma consistência ou estabilidade.

Cristo está contente por uma temporada para colocar algumas colunas neles.

 

A conclusão a partir daí é que há muita loucura e insensatez em todos os homens, para se orgulharem de qualquer herói aqui embaixo; como nas próximas palavras:

“Eu disse aos tolos: não negociem de maneira imprudente: e aos ímpios, não toquem a buzina; não levantem o seu chifre no alto; não falem com um pescoço erguido.”

Todo orgulho e euforia das coisas aqui embaixo é mera loucura, e por falta de consideração de que em seu princípio eles são todos dissolúveis, e nada existe a não ser ao que Cristo dá uma coluna.

Você pode ver a lei disso em;

“Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou.” Romanos 8: 20

“Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.” Romanos 8: 22

 

A “criatura” em um lugar é a “criação inteira” no outro; e pela entrada do pecado é trazida a este estado e condição, e é "sujeita à vaidade".

"Vaidade", isto é, às mudanças e alterações, que resultarão em uma dissolução destrutiva. Ela geme por libertação.

Tudo o que você vê no mundo da ordem, do poder, todos eles são esforços na criação para se libertar desse estado de vaidade, para se preservar tanto quanto possível da dissolução; e eles são apenas esforços vãos, pois há uma dissolução que espera por isso.

Certamente, algumas coisas serão excluídas desta dissolução. Pode alcançar nossas pequenas preocupações, e os céus e a terra. Por que, na verdade, se não houvesse, ainda que o nosso interesse por eles estivesse sujeito a ela, não estamos muito preocupados; mas há um fim também para eles:

“Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos.

Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e serão mudados.” Salmos 102: 25, 26

 

O que ele concluirá daí?

"Portanto, eles devem permanecer?”

É completamente diferente: “Eles perecerão, mas tu permanecerás”, são as próximas palavras: “sim, todos eles envelhecerão como um vestido; como um manto os mudarás, e serão mudados.”

Um homem teria pensado daquele grande prefácio:

“Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos”.

A conclusão certamente teria sido:

“Então eles devem permanecer”.

Não, diz o salmista: "Eles perecerão".

Só Deus perseverará, e somente um interesse especial em Deus permanecerá; como eu lhe mostrarei depois dessas palavras.

Vá do céu e da terra para os habitantes deles; os habitantes da terra... veja qual é o seu estado e condição.

“Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva";

"seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR. Na verdade, o povo é erva";

"seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.”    Isaías, 40: 6-8

 

Tudo é erva. Afirma-se duas vezes que tudo é erva, e é duas vezes afirmado que tudo se desvanece. Pode ser verde e florescer por um pouco de tempo; mas o vento passará sobre ele e fará com que tudo seque.

“Toda carne”, todos os homens vivos; todos os seus poderes, todas as suas honras, todas as suas riquezas, toda a sua beleza, toda a sua glória, toda a sua sabedoria, todos os seus dons e posses, tudo é "carne" e tudo é "erva", e todos sujeitos a uma dissolução destrutiva que fica à porta.

Alguém dirá: “Ai, mas as coisas no mundo podem entrar em tal combinação como para que elas possam ser preservadas de qualquer perigo de tal dissolução?”

Não.

“assim diz o SENHOR Deus: Tira o diadema e remove a coroa; o que é já não será o mesmo; será exaltado o humilde e abatido o soberbo".

"Ruína! Ruína! A ruínas a reduzirei, e ela já não será, até que venha aquele a quem ela pertence de direito; a ele a darei.”  Ezequiel 21: 26,  27

 

Uma dissolução virá sobre o pescoço de outro, até que tudo seja reduzido em Jesus Cristo.

"Eu vou arruinar isso", diz Deus. "Mas os homens vão montá-lo de novo."

"Eu vou remover de novo", diz Deus, "perfeitamente o derrubarei.”

Aqui, abrimos um parêntesis nas palavras de John Owen, para uma reflexão que se faz apropriada, pois não poucos cristãos têm se envolvido em uma luta em prol de fazer o seu grande objetivo de vida para este mundo e principalmente para suas respectivas nações, girar em torno de se conduzir pelo voto democrático governantes e legisladores que sejam conservadores e não progressistas, como se fosse esta toda a vontade de Deus para eles como cristãos que são.

Há todavia um grande engano nisto, pois é possível ser conservador e não estar santificado por um andar constante no Espírito Santo, por ter sido antes justificado e regenerado, para aquela vida perfeita que há de se manifestar em Cristo no por vir.

 

Se tudo está sujeito a uma dissolução destrutiva que se encontra em marcha desde que o primeiro homem pecou, e que há de achar o seu clímax por ocasião da segunda vida de Jesus, quando os poderes do céu e da terra serão abalados para o estabelecimento do Seu reino celestial e eterno com os santos; que valor teria para Deus termos lutado pela manutenção ou pelo estabelecimento de determinado regime político?

 

O que deve ser buscado em primeiro lugar é o reino de Deus e a sua justiça, e não propriamente os reinos deste mundo que passam e passarão totalmente quando o Senhor voltar.

Enquanto muitos estão inquietos em trazer uma paz ao mundo inteiro, só que isto sem Cristo, todas as coisas continuam caminhando para uma iniquidade cada vez mais crescente que por fim trará à tona o governo mundial ímpio e satânico do Anticristo, para que o Senhor possa exercer a demonstração de toda a Sua glória e poder ao vencer todos os Seus inimigos, e desarraigando-os para sempre da Terra.

Para que então, serviriam as muitas ansiedades e lutas em prol de um conserto do mundo para o qual o homem pecador não está habilitado e capacitado por Deus a fazer, senão somente o próprio Senhor Jesus Cristo em Sua volta como Juiz tanto de vivos quanto de mortos?

 

Nosso desejo e oração deve ser como o próprio Senhor nos ensinou:

“Venha o teu reino e seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.”

É pelos interesses do reino de Deus que devemos ser diligentes e lutar e não pelos reinos deste mundo que estão sujeitos a uma dissolução final que está se aproximando rapidamente a passos largos. Sejamos bons cidadãos, honrando as autoridades, mas não tentando ser a palmatória de um mundo que não tem conserto e que portanto, está sob a condenação de uma dissolução final decretada por Deus.

 

Assim, não vale a pena se inquietar e ficar assombrado quando maus governantes, legisladores e magistrados se levantam no mundo, pois Deus, em Sua Soberania eterna permanece inabalável em Seu trono de glória, vendo a todos eles como nuvens passageiras e o orvalho que logo passa e já não mais serão achados quando os conduzir ao juízo eterno, como já fizera com todos os ímpios que os antecederam na história do mundo, e o fará de forma definitiva e completa quando Jesus voltar como Juiz com poder e grande glória para dar a cada um segundo as suas obras.

 

Tudo isto nos ajuda muito a entender por que nosso Senhor Jesus Cristo disse que não devemos temer aqueles que podem somente matar o corpo, mas sim a Deus que tanto pode matar o corpo quanto lançar a alma no inferno.

Além disso, somos também advertidos por Ele que aquele que amar sua vida neste mundo e se esforçar por preservá-la para os objetivos que tiver fixado simplesmente e principalmente para sua existência terrena, vai perder a verdadeira vida espiritual e eterna que somente conhecem aqueles que não têm sua vida preciosa para si mesmos, senão que devem gastá-la na obra do evangelho, para a exclusiva glória de Deus.

As palavras de Jesus a tal respeito apontam portanto, para aquela vida sobrenatural  para a qual os eleitos foram destinados depois de partirem deste mundo, ou quando forem transformados por ocasião do arrebatamento dos santos na volta de Jesus.

Por isso, principalmente, o reino de Deus não vem com aparência visível, está dentro do crente, e não é deste mundo, assim como o próprio Jesus não é do mundo, e todos os que estão unidos a Ele espiritualmente pela fé.

 

Eles e o reino de Deus pertencem ao novo céu e à nova terra que serão trazidos à existência depois da volta do Senhor. A nova natureza que o crente recebeu pelo novo nascimento do Espírito Santo, não foi proveniente deste mundo, mas do céu, e é para lá que aponta a vida do novo homem criado por Deus por meio da fé em Jesus, e daí ser chamado de nova criatura.

19 O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.

20 Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,

21 o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.” (Fp 3: 19-21)

 

“13 Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.

14 Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria.

15 E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.

16 Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.” (Hebreus 11: 13-16)

 

Mas, voltemos a John Owen:

Todos os esforços dos homens devem transformar as coisas de uma questão destrutiva para outra.

Os judeus têm uma maneira de lembrar as coisas, por uma palavra que, de uma forma ou de outra, deve dirigir-se a eles.

Verdadeiramente, Deus, estranhamente, envolveu todo esse mistério em uma palavra:

“Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam.” Hebreus 12: 27

 

Está embrulhado nesta palavra. Cumpre isto com você como uma nota de recordação, que Deus, ao lidar com essas coisas colocou uma vez mais sobre elas; o que é um sinal de que  devem chegar a uma dissolução. Significa que elas são coisas agitadas e móveis e devem desaparecer.

Lembre-se de que Deus disse a respeito de tudo, exceto das coisas inabaláveis do reino de Cristo, Deus disse delas: "Mais uma vez", e elas terão um fim.

Essa marca é colocada sobre todas as coisas, exceto as coisas de Cristo.

Se olharmos para nós, podemos considerar o que preservaria qualquer coisa neste mundo de uma dissolução destrutiva. Um grande consentimento e acordo faria isso.

 

As nações vêm a ser quebradas e dissolvidas por diferenças entre si. Se houvesse apenas um bom consentimento e concordância, as coisas durariam o suficiente, pelo menos até o dia do julgamento.

- Eu não sei, mas que os homens fossem maravilhosamente bem aceitos antes do dilúvio, todos seguiram o mesmo caminho; mas isso não preservou o mundo; Deus destruiu o mundo que ele fez.

Eles concordaram tão bem que não destruiriam o mundo com suas próprias mãos; mas Deus tinha um meio de levar o mundo a uma dissolução destrutiva.

Alguém dirá:

"Mas onde um império é poderoso e forte, onde há força e poder, não precisamos temer dissolução lá."

- Ora, o que aconteceu com aquela imagem de Nabucodonosor que era como ferro, e foi quebrada totalmente em pedaços?

O que aconteceu com o Império Romano, que assolou o mundo?

Foi levado a uma dissolução destrutiva; trazido ao pó que se dispersa diante do vento.

 

Alguém ainda dirá:

“Um título de longa duração, uma longa prescrição de tempo no mesmo estado de coisas, certamente que nos protegerá do medo de uma dissolução.”

Não há um império neste dia no mundo que tenha tido uma vida assim, como a que o homem tinha antes do dilúvio; e se uma prescrição de oitocentos ou novecentos anos não puder preservar os homens da sepultura, preservará impérios, reinos e nações, quando chegar o tempo de sua dissolução?

Instituições de Deus, que não eram imediatamente administradas nas mãos de Cristo, estavam todas sujeitas a uma dissolução, e tinham isso, para que pudéssemos ter a certeza de saber que não havia nada, senão que deveria ser dissolvido, exceto apenas o que é administrado imediatamente nas mãos de Cristo.

O Senhor dissolveu todas as suas próprias instituições, todo aquele glorioso culto que ele instituiu e designou sob a lei.

 

Mais uma vez faremos uma pausa nas palavras de John Owen, para fazermos outra reflexão importante:

Já que somente o que está em Cristo viverá eternamente e não será dissolvido, porque lamentaríamos para sempre com profundo pesar e melancolia que nos levasse à desistência da própria vida por causa da perda de entes muito amados, quando eles partiram para a glória por serem de Jesus Cristo?

Nossos corpos também não serão dissolvidos no tempo determinado por Deus, e isto em um tempo não tão distante da partida deles, para que sejamos reunidos de novo por toda a eternidade?

Deixar-se vencer por tais sentimentos assoladores, como dito anteriormente, não configuraria uma grande ingratidão a Deus pelo que fez por nós em Cristo?

Não seria uma demonstração de ignorância do Seu plano e vontade ou até mesmo de incredulidade no que tem prometido Aquele que é fiel? E quanto às demais coisas que são perdidas quer por um tempo ou para sempre, também não está isto previsto nos decretos eternos do Deus que é completamente sábio, onipotente e onisciente, para quem tudo existe para a Sua glória?

 

Mas, voltemos a John Owen: 

Verdadeiramente isto, que se todas as nossas próprias coisas, e todas as coisas em que estamos preocupados neste mundo - nossas vidas, nossas famílias, nossos prazeres, nosso interesse em coisas públicas, - se eles são todos suscetíveis a tal dissolução destrutiva, que espera por eles a cada momento, certamente é nossa sabedoria cuidar de ter um interesse nAquele que é imutável, e em coisas imutáveis.

Dois dos lugares que mencionei antes, nos dão essa direção. O salmista fala primeiro de sua condição. 

“Ele me abateu a força no caminho e me abreviou os dias".

"Dizia eu: Deus meu, não me leves na metade de minha vida; tu, cujos anos se estendem por todas as gerações.” Sl 102: 23, 24

 

Ele tinha apreensões de sua própria fragilidade e mortalidade, e isso no meio de seus dias. Ele estava pronto para afundar e falhar. Ele olhou para a criação:

“Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste"... como roupa os mudarás,” 

 

Para que ele então, toma conta de si mesmo?

“Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim".  Salmos 102: 27

Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente será estabelecida diante de ti.”

Numa apreensão da condição mutável de si mesmo e em todas as coisas em que ele estava preocupado, ele se atrai a um interesse na imutabilidade de Deus.

Não há nada firme, estável, imutável, senão o próprio Deus: “Mas tu és o mesmo”.

Não há mais nada igual; nós não somos os mesmos no momento seguinte como no momento anterior; nada é o mesmo, mas somente Deus: “Tu és o mesmo”.

Que vantagem se seguirá?

“No meio de todas estas mudanças, ”os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente será estabelecida diante de ti”.

 

Onde há um interesse no Deus imutável, no meio de todas as mudanças para as quais somos antipáticos lá há estabilidade e continuidade eterna para nós e para nossa semente.

O outro lugar também dá a mesma direção:

“seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR.  Isaías 40: 7, 8

Na verdade, o povo é erva; seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.

O que faremos então?

“Mas, a palavra do nosso Deus permanecerá para sempre”, diz ele; isto é, como o apóstolo Pedro explica, em 1 Pedro 1: 25, “A palavra do evangelho que é pregada a você”.

 

Nesta condição de desvanecimento de todas as coisas, se você vier a qualquer coisa de estabilidade, deve ser na estabilidade da palavra de Deus, que permanece para sempre. Isso contém tudo o que venho falando a você, que há uma dissolução destrutiva que espera por tudo, exceto somente o reino e o evangelho de Jesus Cristo.

O Senhor nos impeça de precisar da repreensão que o salmista usa para alguns aqui: “Eu disse aos tolos: não negocie de maneira imprudente.”

Mas, pode haver algo mais tolo para nós do que concentrar e colocar nossos corações e mentes naquilo que Deus nos disse que é erva? Suas propriedades, suas partes, sua sabedoria, suas esposas e filhos, são erva; todos eles murcham, decaem e morrem.

Vocês mesmos são erva:

“Certamente”, diz ele, “o povo é erva”.

Não sejamos tão insensatos a ponto de colocar nossos corações naquelas coisas que estão murchando e decaindo; não nos deixemos enganar.

Não temos segurança em nada, quando voltamos às nossas moradas, senão uma coisa, “a palavra de nosso Deus permanecerá para sempre”.

Esposas, filhos, maridos, podem estar mortos, nossas casas podem ser incendiadas e consumidas.

Há somente isto, a palavra de Deus, que permanece para sempre; as promessas de Deus não fracassam; tudo o mais é sujeito à dissolução.

 

"A palavra do nosso Deus permanecerá para sempre"; as coisas do reino de Cristo são coisas inabaláveis.

A misericórdia que vem de uma aliança eterna com seus filhos e sua semente será uma salvação abençoada. Embora “todas estas coisas sejam dissolvidas”, Deus é “o mesmo”.

O Espírito Santo nos diz que, antes da vinda do dilúvio, “toda a carne corrompeu o seu caminho sobre a terra”, Gênesis 6: 12.

O caminho da carne não é muito bom a qualquer momento; eu quero dizer o caminho dos homens: mas quando eles chegam como estavam por consentimento geral, todos eles, para corromper o seu caminho, é abrir caminho para a entrada de um dilúvio.

Tal estado e condição são descritos pelo profeta Isaías, cap. 3: 1-5:

1 Porque eis que o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, tira de Jerusalém e de Judá o sustento e o apoio, todo sustento de pão e todo sustento de água;

2 o valente, o guerreiro e o juiz; o profeta, o adivinho e o ancião;

3 o capitão de cinquenta, o respeitável, o conselheiro, o hábil entre os artífices e o encantador perito.

4 Dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças governarão sobre eles.

5 Entre o povo, oprimem uns aos outros, cada um, ao seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião, e o vil, contra o nobre.”

 

Há uma confusão geral e corrupção da vida e das maneiras. O profeta descreve qual era seu estado e condição perante Deus e que traria aqueles juízos destrutivos sobre toda a nação; como depois disso Ele o fez.

Terceiro, quando a corrupção universal da vida é adicionada à perseguição da igreja, isso é outro sinal de uma dissolução destrutiva que se aproxima.

Nosso Salvador nos diz, em Mateus 24: 7-9, que “nação se levantará contra nação e reino contra reino; e haverá fomes e pestes e terremotos em vários lugares. Todos estes são o princípio dos sofrimentos. E vos entregarão para serdes afligidos, e vos matarão.”

 

Um homem pensaria que eles tinham algo mais a fazer em tal dia, quando a nação se levantar contra nação, e reino contra reino, e houver pestes e fomes, e terremotos.

Um homem pensaria que eles deveriam ter outro emprego. Não. “Então vos entregarão para serdes afligidos e vos matarão.”

Qual é a razão disso?

Para que possa haver outro sintoma de aproximação da desolação, descrito em Mateus 23: 34-36:

“34 Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade;

35 para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar.

36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração.”

 

Eu poderia citar muitos outros sinais; como apostasia visível, o amor de muitos sendo esfriado; Deus, de maneira eminente, chamando a si mesmo para repousar com muitos de seus servos, afastando-os do mal que viria: mas já disse o suficiente sobre essa cabeça.

Agora vou falar algumas palavras, em segundo lugar, as razões por que em tais dissoluções que se aproximam, todos os professantes devem ser visivelmente santos e piedosos. Eu devo apenas citar uma ou duas coisas:

Primeiro, porque em toda dissolução, especialmente onde o evangelho foi proferido, há uma vinda peculiar de Jesus Cristo. Cristo está nela, quer o vejamos ou não o vejamos.

“Sejam pacientes, irmãos”, (diz Tiago, cap. 5: 7), “até a vinda do Senhor”.

Como poderia aquela geração, a quem ele escreveu dois mil anos atrás, “ser paciente até a vinda do Senhor”, que ainda não chegou?

 

Essa não é a vinda do Senhor referida por Tiago; mas a sua vinda para a destruição dos judeus impenitentes, perseguidores e obstinados que estavam na ocasião, assolando a igreja:

"Sede pacientes, irmãos, até a vinda do Senhor".

Quando será isso?

Por que, diz ele, versículo 8;

“A vinda do Senhor se aproxima”.  Será em poucos anos:

“Eis que o Juiz está diante da porta”. Versículo 9

 

Esta foi a vinda de Cristo no grande e terrível julgamento em que Ele executou a vingança sobre seus teimosos adversários, como havia dito antes,

“Aqueles meus inimigos, que não querem que eu reine sobre eles, tragam-nos aqui, e os matem diante de mim.”

Em cada sinal de dissolução e julgamento há uma vinda de Cristo; e toda vinda de Cristo será um dia de grande provação. :

“1 Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos.

2 Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros.

3 Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao SENHOR justas ofertas.”  Malaquias 3: 1-3

 

Seu estado estava então com eles, quanto à pessoa de Cristo, tanto quanto está agora com muitos como para outras aparições de Cristo. “O Senhor, a quem vós buscais, virá de repente, o mensageiro da aliança o qual desejais”.

Ele virá de repente. "O que poderia ser mais bem vindo?

O que mais desejável?

Não desejamos nada neste mundo, senão que Ele possa vir!”

“Mas quem poderá permanecer no dia de sua vinda?” Disse ele.

 

Que as pessoas não faziam nada além de proclamar, que o Messias viria; e quando Ele veio, provou ser sua completa ruína e destruição.

É uma grande coisa ter Cristo vindo.

Nós não sabemos o que acontecerá quando Cristo vier. É uma grande coisa estar diante de Cristo quando Ele vem.

Irmão, o que você acha que Cristo espera de nós quando ele vier?

É uma coisa tola, como o salmista mostra, quando os homens estão na expectativa de uma dissolução, estando envolvidos em negócios sobre assuntos terrenos (quero dizer, além do que o dever requer), de modo a não estarem preparados para isso; mas é uma coisa perversa, quando nessa dissolução Cristo vem, e os homens não estão preparados para a sua vinda.

 

Há Cristo nisso. Não há dissolução que nos atenda, em nossas pessoas, relações, no mundo, em que Cristo não esteja nela.

Cristo vem nela; e como estamos preparados para receber este grande convidado que vem?

Na verdade, receio que, em relação a muitos que eles serão maravilhosamente surpreendidos na vinda do Senhor; quando Ele vier, será trevas para eles, e não luz.

Cristo não vem para satisfazer os desejos dos homens; Ele não vem exaltá-los no mundo, nem satisfazê-los em seus desejos sobre seus adversários.

Cristo vem para nos tornar mais santos, mais humildes, mais mortificados e desmamados do mundo; e se não estamos tão preparados para isso, não estamos preparados para a vinda de Cristo.

Oh, qual deveria ser a condição de nossos corações se vivêssemos sob essa apreensão, que Cristo, o glorioso, santo, estava vindo a nós todos os dias!

 

Em uma palavra final, juntando-nos aos argumentos bíblicos apresentados por John Owen, cabe colocar tudo resumido em uma pergunta:

Que maior evidência necessitamos para crer que Jesus está voltando e às portas, do que a grande perseguição que o evangelho e os crentes estão sofrendo em todas as partes do mundo?

Todo este desprezo por Deus e pela Bíblia, que está provocando uma grande apostasia em todas as nações, está despertando a ira divina e é bem certo que logo os céus e a terra serão removidos, depois que o último eleito tiver sido alcançado pela salvação do evangelho, por ser feito uma coluna inabalável por sua união com Jesus.

Maranata! Ora vem Senhor Jesus”.

 

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/09/2023
Alterado em 04/12/2023
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