Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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Como Agir Sendo Soldado

Judeu Cristão?

 

 

 

Para responder esta pergunta devemos antes, fazer uma contextualização que facilite a nossa compreensão.

Primeiro de tudo, deve ser considerada a distinção que há entre a Antiga Aliança, que vigorou no período do Velho Testamento com a nação de Israel, e a Nova Aliança no Novo Testamento.

Na Antiga Aliança, para que alguém fosse aceito por Deus, havia a necessidade de se guardar todos os mandamentos da Lei de Moisés, e não apenas os morais, como também os civis e cerimoniais, sendo que estes dois últimos eram apenas figuras que se referiam a Jesus Cristo; e, desde que Ele se manifestou inaugurando uma Nova Aliança, tais mandamentos civis e cerimoniais já não são mais obrigatórios para fins de cumprimento, não somente para os gentios, como também para os judeus.

De modo que na presente dispensação da graça, para fins de sermos aceitáveis a Deus, não mais se impõe a obrigatoriedade de apresentação de sacrifícios de animais, de diversas distinções entre coisas limpas e imundas, de guarda de dias solenes e sagrados, de construção de um templo para ser o santuário central e único em Israel, com todos os utensílios sagrados (arca da aliança, altar de incenso e de holocaustos, candelabro, mesa dos pães, etc.)

 

Veja que ao retornarem do cativeiro em Babilônia, Deus ordenou aos judeus que começassem imediatamente a reconstrução do templo que havia sido destruído por Nabucodonosor, mas nada se falou sobre  reconstrução de um terceiro templo quando retornaram à Palestina, e foram reconhecidos pelo mundo como nação em 1948.

Uma das principais marcas de que a Antiga Aliança havia sido substituída pela Nova, foi justamente a destruição do templo pelos romanos, com a cessação de todos os serviços cerimoniais que eram realizados no mesmo.

Desde então, nunca mais os judeus tiveram um templo como no passado, dando-se cumprimento à profecia de Jesus à mulher samaritana, de que havia chegado com Ele, o tempo em que nem no templo de Gerizim ou de Jerusalém Deus seria adorado, mas em espírito e em verdade.  

 

Avançando um pouco mais com nossa contextualização, aproximando-nos da resposta à pergunta do título do nosso texto, deve ser considerado também que o que Jesus ensinou e determinou sobretudo no Sermão do Monte, ao citar pontos que poderiam gerar algum tipo de incompatibilidade entre o dever de um soldado na guerra, e as prescrições apontadas como, por exemplo, as de não resistir ao perverso; de oferecer a outra face a quem nos agride; de ir uma segunda milha com quem nos obrigue a caminhar uma; a ceder a capa a quem nos exige a túnica; a abençoar a quem nos amaldiçoa; a amar os inimigos; a não nos vingarmos nos termos do olho por olho e dente por dente, etc .

 

Considere-se também, que nas prescrições divinas para os israelitas no Velho Testamento havia a ordenança para o extermínio de sete nações de Canaã, cuja iniquidade havia transbordado a medida suportável, e cuja ferida era incurável.

Os cananeus deveriam ser expulsos para que o seu território que era um corredor no mundo antigo para as caravanas que viajavam do Norte (Europa e Ásia) para o Sul (África, especialmente Egito e Etiópia), e vice-versa, não aprendessem e praticassem os maus costumes dos cananeus.

Deus faria de Israel um instrumento para expandir o Seu conhecimento a todo o mundo, mesmo quando aquela nação transgredia os mandamentos da Lei, pois vindicava neles a Sua santidade, corrigindo-os e castigando-os até o ponto de expulsá-los também da terra que lhes havia dado por promessa, para revelar que de fato nada tem a ver com o pecado daqueles que carregam o Seu nome, pois impõe a todos que vivam em santidade perante Ele.

 

Nós podemos ver isto, principalmente nas páginas de todo o Velho Testamento, especialmente no livro de Juízes.

Mas, como dissemos antes, desde que Deus propôs aos judeus uma nova aliança em substituição à antiga, que eles haviam quebrado, pela qual tem prometido ser misericordioso e não mais lembrar de seus pecados e iniquidades, uma vez tendo entrado em aliança com Ele, por meio da fé em Jesus, e tendo sido submetidos anteriormente à execução de todas as ameaças da antiga aliança e a mais extrema delas conforme se vê no Pentateuco, com a dispersão deles por todas as nações, pôde por fim cumprir a boa promessa de restaurá-los de novo em sua própria terra, trazendo-os de volta para lá no final dos tempos, e de onde nunca mais os expulsaria, pois como dissemos, já não se encontram mais sob todas as exigências do Antigo Testamento para serem aceitos por Deus, pois mesmo que ainda resistam a crer em Jesus como sendo o Messias, todavia, o Senhor tem sido fiel à promessa feita aos patriarcas da nação (Abraão, Isaque e Jacó), de que Israel jamais deixaria de estar perante Ele, e que o preservaria das tentativas de extermínio realizadas por todos os seus inimigos.

 

Assim, o soldado judeu em nossa pergunta, não é dito dele ser apenas um cristão nominal como há muitos no mundo, mas um cristão verdadeiro, justificado pela fé em Cristo, nascido de novo e santificado pelo Espírito Santo, para ser por fim glorificado por Deus, que teve seu coração de pedra trocado por um coração sensível de carne, sendo guiado e conduzido pelo Espírito Santo a ter sentimentos de compaixão, perdão, amor, benignidade, bondade, longanimidade, domínio próprio, etc, em relação a todos os seus semelhantes, de maneira que ao cumprir seus deveres de soldado de sua nação, em razão de sua condição de cidadão e obediência à autoridade instituída por Deus para promover e manter a paz e ordem social, repelindo e punindo a todos aqueles que perturbarem a referida paz e ordem, atuará como instrumento de justiça, verdade e pacificação, nos limites de sua competência, usando os meios necessários para fazer cessar a referida perturbação, ainda que seja pelo uso da força até o extremo da letalidade, caso não haja outra forma de ser detida.

 

“1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.

2 De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.

3 Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,

4 visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.

5 É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.” (Romanos 13: 1-5)

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 21/10/2023
Alterado em 03/12/2023
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