Legado Puritano

Quando a Piedade Tinha o Poder

Textos

Mente Natural e Mente Espiritual – Parte 1

Este é mais um estudo sobre santificação que esperamos seja útil para a edificação daqueles que amam e temem ao Senhor Jesus, e que procuram melhor servi-lo, e o dedico especialmente às irmãs do grupo de estudos da nossa congregação.

A mente natural humana não consiste na simples função cerebral, e ela é o grande elemento definidor de nossa personalidade e é quem influencia preponderantemente as nossas atitudes e inclinações, sobretudo em nossos padrões de pensamentos, sentimentos, emoções, julgamentos etc.

É imperioso para todo aquele que almeja ser salvo e participar do reino do céu, que ele seja mudado, mas esta mudança não se refere a uma transformação para a melhoria de seu homem natural, mas a uma introdução de uma nova inclinação, de uma nova disposição, de um novo princípio eminentemente espiritual, por uma operação sobrenatural do Espírito Santo, que é chamada de novo nascimento ou regeneração, e que prossegue em crescimento através da santificação operada pelo mesmo Espírito na nova criatura por ele gerada na conversão.

3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?

5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.

6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.

7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.

8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. João 3.3-8.

Quando Jesus disse a Nicodemos que ele sendo mestre em Israel, pois era fariseu, não entendia o que havia sido revelado nas Escrituras pelos profetas, quanto mais não entenderia se lhe falasse das coisas que existem no céu. Dentre as muitas passagens que falam do novo nascimento do Espírito temos a de Ezequiel 11.19,20, em que há uma referência direta ao espírito novo que seria dado por Deus àqueles que fossem salvos por ele para a vida eterna.

“19 Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne;

20 para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.”

Este “espírito novo” não se refere a um outro espírito que seria dado aos eleitos, mas uma operação de ressurreição do espírito que se acha naturalmente morto em delitos e pecados, pela habitação do Espírito Santo, com sua operação regeneradora e renovadora.

Nós estaremos desenvolvendo mais detalhadamente este assunto do espírito novo e do novo coração, mas logo de início gostaríamos de destacar que a mente espiritual é gerada pelo Espírito Santo, neste novo espírito, ou seja, na nova criatura, no nosso espírito que recebeu esta nova vida, inclinação, e disposição para Deus, através da habitação e operação do Espírito Santo.

O coração de carne, no lugar do de pedra, citado na profecia, também não é uma referência a um outro coração, e nem mesmo ao órgão físico do coração, mas a uma nova inclinação e disposição de sentimentos, emoções e afetos gerados no homem interior, ou seja, no espírito renovado e levantado pelo poder de Deus de sua condição anterior de morto em delitos e pecados.

O novo nascimento do Espírito não consiste em uma melhoria da vida moralizada ou civilizada, pelo processo de educação secular, pois isto pode ser obtido até mesmo por pessoas não justificadas pela fé e não regeneradas e santificadas pelo Espírito.  O que está em foco é o recebimento e aperfeiçoamento de um novo coração e de uma nova mente, ou seja, de compreensão, sentimentos, afetos, emoções e comportamento inteiramente novos, procedentes do alto, e também de uma nova mentalidade espiritual, celestial e divina, que faz com que priorizemos ajuntar tesouros no céu e não na Terra; e dirigir nossa vida sobretudo nas coisas referentes a Deus fixando nossos pensamentos, principalmente, no céu e não na Terra.

1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.

2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;

3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.

4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.

5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;

6 por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].

7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.

8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.

9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos

10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;

11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.

12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.

13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;

14 acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.

15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.

16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.

17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. (Colossenses 3.1-17).

Observe que todas as coisas práticas que são citadas pelo apóstolo como sendo obrigatórias para serem achadas no comportamento de todos os crentes, só podem ser realizadas por uma mudança de mentalidade, pelo recebimento e desenvolvimento progressivo em renovação da nova mente espiritual recebida na conversão, e isto para o despojamento da natureza terrena, para que a nova natureza recebida do alto entre em operação, levando-nos a priorizar as coisas celestiais, espirituais e divinas, e não as que são terrenas e naturais, pois são somente estas últimas com as quais se ocupam os gentios, ou seja, aqueles que não conhecem a Deus em espírito.

18 E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,

19 falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais,

20 dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,

21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. Efésios 5.18-21.

Um fator muito importante é este de que ainda que na nossa conversão a Cristo, haja uma substancial transformação inicial de nossa mente pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3.5), de maneira que ainda que nosso corpo, nossa alma e espírito não sejam mudados, permanecendo os mesmos, todavia pode e deve haver uma transformação de nosso padrão de julgamento, pensamento, etc, e da nossa própria personalidade, do padrão carnal e mundano que tínhamos antes da conversão, para o santo que é segundo a Palavra de Deus, padrão este que deve aumentar com o progresso do processo da santificação do Espírito Santo, em melhoria e aumento em graus da renovação da nossa mente espiritual recebida na conversão (Rom 12.1,2). A propósito, a palavra para renovação tanto nesta passagem de Romanos 12, quanto na de Tito 3.5 (anakainosis), é a mesma no original grego, e aparece somente em ambas citações, de modo que inferimos que a transformação da mente a que o apóstolo alude em Romanos, é o resultado da operação do Espírito Santo em nós, para termos uma mentalidade celestial, espiritual e divina; não se tratando portanto de uma mudança simplesmente natural e segundo os padrões do mundo, que é também possível de ser realizada, sem que esta possua, qualquer interesse no propósito eterno divino em relação aos crentes. E nesta mera mudança natural se encaixam todas as modificações comportamentais que ocorrem no mundo, sejam para melhor ou para pior, mesmo naqueles que se esforçam para se tornarem pessoas mais moralizadas e civilizadas, que ainda que isto represente para si mesmas ou para a sociedade, um ganho, todavia, em nada altera a condição e posição da pessoa diante de Deus, que afirma que sem santificação ninguém verá o Senhor.  O cerne desta transformação deve ser portanto, segundo a vontade de Deus, de ímpio e carnal para santo e espiritual, conforme se revela expressa e claramente nas Escrituras.

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 26/02/2025
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