Legado Puritano

Quando a Piedade Tinha o Poder

Textos

Mente Natural e Mente Espiritual – Parte 3

O ensino de Jesus e dos apóstolos para os crentes é o de que devem ter a sua mente renovada pelo Espírito Santo, segundo a Palavra revelada nas Escrituras, e especialmente no Novo Testamento que é o fundamento da Nova Aliança feita no sangue de Jesus.

13 Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.

14 Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos.

15 Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, Rom 2.13-15

O homem foi criado por Deus com a norma da lei natural gravada em seu coração, de modo a poder discernir o que é aprovado e o que não é aprovado por Deus em seus pensamentos e comportamento.  Além disso, sua mente em que residem seus pensamentos e consciência agem como um tribunal que Deus instalou no próprio homem para poder discernir entre o que é bom e o que é mau, e o que é correto e o que é incorreto. Mas a vontade que foi corrompida pelo pecado  e que é carnal e não sujeita à vontade e lei de Deus, pode prevalecer sobre aquilo que a mente escolheu como bom e adequado, e levar a pessoa a praticar exatamente o oposto daquilo que pretendia fazer.

Todavia esta lei natural gravada por Deus na mente natural de toda pessoa, pode ser pervertida por uma consciência cauterizada, e é aqui que entra a nossa total dependência da operação da libertação do princípio do pecado que habita em nós, pelo poder de Jesus Cristo, pois se o Filho nos libertar, verdadeiramente seremos livres desta escravidão ao pecado que é superior à nossa própria vontade. Somente desejar praticar o bem não é suficiente, pois precisamos do poder do Espírito Santo, por um andar nele, para que por ele, possamos mortificar o pecado e agir segundo a nova criatura em Cristo que fomos feitos em nossa conversão inicial.

Aqui, ao falarmos de nova criatura em Jesus, devemos abrir um parêntesis para que possamos ter um entendimento correto do que está revelado nas Escrituras a tal respeito.

23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Rom 7.23.

2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rom 12.2.

16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. II Cor 4.16.

16 Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.

17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. II Cor 5.16,17.

11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.

12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.

13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.

14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

15 Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.

16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. I Cor 2.11-16.

Analisando em conjunto estas cinco passagens do apóstolo Paulo, citadas anteriormente, podemos observar que o que ele tinha em vista era nos ensinar que toda pessoa é um ser natural que possui um corpo, uma alma e um espírito, e que nesta simples condição e não sendo coparticipante da natureza divina, que é espiritual e não natural, não pode ter qualquer comunhão com Deus, e acrescente-se a isto, que sem ser reconciliado com Ele através da fé em Jesus, encontra-se com seu espírito morto, ou seja, separado de Deus, sendo incapaz de ter qualquer comunicação com Ele. Jesus disse a Nicodemos que tanto ele quanto qualquer pessoa não pode ver o reino de Deus caso não nasça de novo do Espírito Santo, ou seja, é preciso que o seu espírito seja capacitado, habilitado, a se comunicar com Deus, pelo recebimento de uma nova mente espiritual, além da natural que já possuía antes da conversão, porque é somente nesta nova mente espiritual, que gera uma disposição, inclinação para as coisas que são do alto e não para as que são da Terra, capacitando o crente a compreender as coisas que são celestiais e divinas, e é a esta mente que o apóstolo chama de mente de Cristo, ou mente renovada, ou lei da sua mente – Deus prometeu escrever sua lei na mente daquele que se convertesse a Cristo, não propriamente toda a lei de Moisés com seus preceitos civis e cerimoniais, mas a lei relativa a toda a Sua boa, perfeita e agradável vontade, conforme revelada em e por Jesus no Evangelho, ou dispensação da graça, ou ainda Nova Aliança, pois esta promessa encontrada em Ezequiel 36 e Jeremias 31, aponta para o seu cumprimento em uma Nova Aliança.

As operações de regeneração, santificação e renovação dos crentes pelo Espírito Santo, não consistem em qualquer trabalho para melhorar o velho homem; a velha natureza, ou mente carnal; porque tudo é realizado na nova criatura ou mente espiritual. Nenhum remendo será utilizado no que já se encontra corrompido pelo pecado, pois é conduzido à crucificação, ao despojamento, à negação do ego, para o revestimento da nova criatura com a vida de Jesus. Por isso ao se referir à nova criatura o apóstolo afirma que o que era velho ficou para trás e que tudo se fez novo.

Então, podemos entender que há no crente duas naturezas ou mentes:

Primeiro: uma natural que o habilita a se relacionar com os assuntos naturais deste mundo, como por exemplo o aprendizado de artes, ciências etc, que a propósito não acrescenta um milímetro sequer para a sua aprovação e aceitação de Deus, quanto à satisfação de Sua justiça e Seu propósito eterno relativo aos seus eleitos.

Segundo: uma mente espiritual, recebida do alto, que não é deste mundo, e que habilita e capacita o crente a entender, a discernir, as coisas espirituais e celestiais que lhe são reveladas pelo Espírito Santo.

É a isto que se refere o apóstolo Tiago:

13 Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras.

14 Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade.

15 Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca.

16 Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.

17 A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.

18 Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz. (Tg 3.13-18)

1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?

2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;

3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.

4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.

5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós? (Tg 4.1-5)

A isto já havia se referido o profeta Jeremias:

23 Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas;

24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR. Jer 9.23,24.

O que é sábio segundo o mundo o é segundo uma mente natural e carnal, mas o que é sábio nas coisas referentes a Deus, o é segundo a mente espiritual, instruída, dirigida e capacitada pelo Espírito Santo; de modo que a sabedoria natural nada tem do que se gloriar diante de Deus, mas sim aquela que é espiritual que nunca se gloria em si mesma, mas nAquele de quem ela procede.

Mas, na vida real prática, mesmo os que nasceram de novo do Espírito, e adquiriram uma nova natureza espiritual, necessitam desenvolver sua mente espiritual, ou seja, que ela seja renovada pelo Espírito Santo diariamente, de forma a que não se permaneça pensando e agindo de modo carnal, mas espiritual, e isto só é alcançado pela formação de hábitos santos no lugar dos hábitos pecaminosos, passando o crente a ser alguém de fato paciente, longânimo, misericordioso, amoroso, bondoso, perdoador etc. Isto sim é a real expressão de uma mente espiritual amadurecida. Por isso os apóstolos oravam para que o amor dos crentes aumentasse mais e mais, para serem tomados de toda a plenitude de Deus, pois que aproveita falar em línguas; ter todos os dons sobrenaturais do Espírito; ser um religioso dedicado em todos os deveres externos etc, se a pessoa não for paciente, longânima, misericordiosa, que suporte injustiças e ofensas com paciência, etc.?

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/02/2025
Alterado em 01/03/2025
Áudios Relacionados:


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras