Legado Puritano

Quando a Piedade Tinha o Poder

Textos

Ao longo da História, poucas profecias geraram tanta controvérsia e e mistério, quanto a que aparece no capítulo 9 do livro do Apocalipse. Um exército de 200 milhões, um número tão colossal, tão desproporcional, que nem nas guerras mais sangrentas da humanidade se registrou algo semelhante. Quem são eles? João diz de onde eles vêm. E quando eles aparecerão? O Apóstolo João os viu avançando como uma força imparável de julgamento e destruição. Uma profecia que ainda hoje no século 21, continua a dividir teólogos, historiadores e estrategistas. Alguns afirmam que é um exército literal, um contingente humano nunca antes visto em emergindo do Oriente. Uma possível alusão à China, uma nação que hoje possui a população, os recursos e ambição para mobilizar uma força de tal magnitude. Mas há outra interpretação, muito mais perturbadora. Há quem diga que este não é um exército humano. Mas uma ordem de demônios saem do abismo, como parte dos teríveis julgamentos desencadeados durante a grande tribulação. Seres espirituais com aparência monstruosa, montados em instrumentos de destruição sobrenaturais, enviados para executar o julgamento de Deus Todo-Poderoso sobre uma humanidade rebelde. É um aviso literal ou uma metáfora espiritual, uma guerra geopolítica ou uma guerra celestial, uma nação em armas ou despertar do próprio inferno. Uma coisa é certa: Quando esse exército se levantar, o mundo nunca mais será o mesmo.

O livro do Apocalipse é sem dúvida, um dos textos mais fascinantes de toda a bíblia. Ele está repleto de símbolos, visões e mistérios que geraram adimiração, debate e também medo. Alguns o estudam apaixonadamente, vendo como um guia profético para o fim dos tempos. No entanto, acham isso muito complexo até mesmo intimidador e há aqueles que o evitam completamente, achando que sua leitura traz angústia. Entretanto, se todas as Escrituras são a palavra de Deus e são, então o livro de Apocalipse também merece toda a nossa atenção. Não foi escrito para gerar confusão, mas para preparar o povo de Deus. Ele não busca causar medo, mas revelar o triunfo de Cristo e nos alertar sobre o julgamento que se aproxima. Com essa convicção, hoje nos aprofundamos em uma de suas passagens mais solenes e desconcertantes. Vamos ler Apocalipse Capítulo 9, versículo 16. E o número dos exércitos dos Cavaleiros era de 200 milhões, ouvi o número deles. Este versículo faz parte do relato da sexta trombeta, também conhecida como o segundo Aí, dentro da estrutura dos julgamentos Apocalípticos descritos neste livro profético. Para entender isso corretamente, devemos lembrar que o Apocalipse revela um programa ordenado de julgamentos divinos que se desenrola em três ciclos principais. Os sete selos, as sete trombetas e as sete taças da íra de Deus. Cada um desses ciclos marca um aumento progressivo na intensidade do julgamento, avançando passo a passo em direção ao climax  da história humana. O retorno glorioso de Jesus Cristo como Rei e juiz soberano. A sexta trombeta é a penúltima desta série e aparece logo antes da sétima trombeta, que introduz a consumação do plano de Deus e o estabelecimento definitivo do seu reino. É importante notar que cada trombeta representa um estágio específico do julgamento divino e cada uma se torna mais severa que a anterior. A quinta trombeta registrada em Apocalipse 9, versículos 1 a 12, também conhecida como o primeiro Aí, descreve a libertação de criaturas demoníacas, semelhantes a gafanhotos que atormentam os homens por cinco meses. Em seguida, vem a sexta trombeta, descrita em Apocalipse 9, versículos 13 a 21, na qual somos apresentados a um cenário ainda mais chocante. Nesta visão, é dada ordem de libertar quatro anjos que estavam amarrados ao lado do grande rio Eufrates. Esses seres foram detidos por Deus até um momento exato e predeterminado, uma vez libertados, eles executam um julgamento terrível, a morte de um terço da humanidade. Vamos ler Apocalipse 9, versículos 13 a 15.

13 O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus,

14 dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates.

15 Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens.

Esta passagem marca o início do julgamento da sexta trombeta. A primeira coisa que chama a atenção é que a ordem não vem da Terra, mas do alto. Uma voz vinda do Altar de Ouro que está diante de Deus. O mesmo Altar que aparece em Apocalipse 8, versículo 13, onde as orações dos santos eram oferecidas. Isso nos lembra que os julgamentos desencadeados no Apocalipse estão intimamente ligados à justiça divina e à resposta de Deus aos apelos de seu povo perseguido. A ordem é precisa. Soltem os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates. Aqui encontramos uma imagem carregada de significado histórico, espiritual e profético. O significado do rio Eufrates. O Eufrates não é um rio qualquer. É um dos quatro rios mencionados em Gênesis capítulo dois, versículo 14, no contexto do jardim do Eden. Entretanto, ao longo da história bíblica, esse rio passou a simbolizar ameaça, limite e julgamento. No antigo testamento, o Eufrates marcava a fronteira oriental do império romano e do mundo conhecido pelos judeus. Além daquele rio, estavam impérios inimigos como a Assíria, a Babilônia e a Pérsia, potências que oprimiam o povo de Deus. Portanto, na profecia bíblica, o Eufrates evoca a ideia de uma invasão estrangeira, uma ameaça vinda do Oriente. Por exemplo, em Isaías, capítulo 8, versículos 7 e 8, o profeta compara a invasão assíria a uma enchente do Eufrates que transborda. O capítulo 46 de Jeremias também conecta a região do Eufrates com os julgamentos vindouros. Ou seja, o rio não é apenas uma fronteira geográfica, mas um símbolo do julgamento divino por meio de inimigos designados. Agora, o texto do Apocalipse diz que esses anjos estão presos, e isso já nos dá uma pista importante. Na Bíblia, os santos anjos não estão acorrentados. Somente anjos caídos ou demônios são restringidos até que Deus, em sua soberania, decida libertá-los para comprir um propósito específico. Portanto, a maioria dos estudiosos concorda que esses quatro anjos não são benignos, mas agentes de julgamento da ordem maligna que foram detidos pelo poder de Deus até o momento exato de sua libertação. E esse tempo é absolutamente preciso. A hora, o dia, o mês e o ano. Isso nos mostra que os julgamentos de Deus não são improvisados. Tudo é determinado exatamente desde a eternidade. Cada evento no Apocalipse ocorre no momento perfeito, de acordo com o plano soberano de Deus. Uma vez que esses anjos são libertados, sua missão é desencadeada: matar um terço da humanidade. Se nos lembrarmos que, em Apocalipse, capítulo 6, versículo 8, um quarto da humanidade já havia morido sobre o julgamento do quarto selo, isso significa que agora, com este novo julgamento mais da metade da população mundial foi eliminada no desenvolvimento de eventos Apocalípticos. Este julgamento, portanto, não pode ser entendido como uma simples guerra. É uma execução precisa, global e profética da justiça divina em um mundo rebelde. Ao longo do Apocalipse, Deus deu muitos avisos, mas neste ponto da narrativa, o julgamento começa a atingir níveis catastróficos. Agora, nos versículos 16 a 19 do capítulo 9 do Apocalipse, o seguinte nos é revelado. E o número dos exércitos dos cavaleiros era de 200 milhões. Ouviu o número deles? Assim, vindo uma visão dos cavalos e seus cavaleiros, que tinham couraças de fogo, safira e enxofre. E as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões, e da sua boca saiu fogo, fumaça e enxofre. Por estas três pragas um terço da humanidade foi morta. Pelo fogo, fumaça e enxofre que saíam de sua boca. Por que o poder dos cavalos estava nas suas bocas e nas suas caudas? Por que suas caudas como serpentes tinham cabeças e com elas faziam mal? Ao longo dos séculos, estudiosos da profecia bíblica propuseram várias interpretações do exército de 200 milhões. Este versículo tem sido um dos mais debatidos dentro da escatologia cristã, especialmente em relação ao seu significado literal. Sua aplicação histórica ou seu simbolismo espiritual. Abaixo estão as três posições escatológicas mais amplamente aceitas entre os estudiosos conservadores.

Em primeiro lugar, a interpretação literal futurista. Esta posição sustenta que o exército de 200 milhões de cavaleiros deve ser entendido literalmente no futuro. Seria uma verdadeira coalizão militar humana, que surgiria durante o período da grande tribulação, possivelmente liderada pela China, India ou uma aliança de potências asiáticas. Acredita-se que esse exército cruzará o leste para participar da batalha do Armagedom. Sua base bíblica para Apocalipse 9. 16 e o número dos exércitos dos cavaleiros era de 200 milhões, ouvi o número deles. Aqui, João não vê o número, mas o ouve, o que é interpretado pelos literalistas como uma confirmação direta e deliberada do número exato. Isso indicaria que não se trata de um símbolo, mas de uma figura real registrada com autoridade divina. Também é mencionado em Apocalipse Capítulo 16, versículo 12, onde diz, o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates e as águas secaram para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente. Esta profecia se conecta diretamente com Apocalipse Capítulo 9. Muitos escatologistas interpretam isso como um anúncio de uma invasão militar maciça do Oriente, facilitada pela secagem sobrenatural do Rio Eufrates. Isso abriria caminho para um exército colossal que enfrentará Israel na batalha final. Esta posição é apoiada por fatos históricos. Em 1960 e 75, o General Tian Kai-Cheng, então líder nacionalista da China afirmou que o país era capaz de mobilizar um exército de 200 milhões de homens. Embora tenha sido uma declaração política causou comoção nos círculos cristãos, porque coincidiu com o número exato mencionado em Apocalipse Capítulo 9. Além disso, com mais de 1,4 bilhão de pessoas hoje, a China tem o potencial numérico para formar um exército dessa magnitude, especialmente em uma coalizão asiática. Os defensores também argumentam que João, ao receber essa visão, descreveu realidades futuras usando a linguagem limitada de sua época. Lembremos que ele viveu no primeiro século, numa época sem eletricidade, motores, armas de fogo, explosivos químicos ou conhecimento de máquinas avançadas. Portanto, quando ele testemunhava algo que claramente pertencia a um contexto tecnológico muito posterior ao seu, ele tinha que expressá-lo com símbolos e elementos familiares a ele. Isso não quer dizer que a visão de João fosse puramente simbólica ou alegórica, como alguns sustentam. Em vez disso, esses interpretes propõem que o que João viu foi literal, mas sua maneira de relatar isso foi condicionada por seu vocabulário e experiência cultural. Em outras palavras, João de fato viu um exército futuro, provavelmente mecanizado e armado com tecnologia moderna, mas ele descreveu em termos do primeiro século. Vejamos alguns detalhes importantes que reforçam essa ideia: cavalos com cabeças de Leão. Na época de João, o cavalo era o símbolo por excelência da guerra, da força e da velocidade. Ao falar de cavalo com cabeça de Leão, ele está evocando máquinas de guerra que, embora se movam como cavalos, têm um poder destrutivo selvagem, representado pelo Leão. Muitos interpretam isso como uma referência a tanques de guerra, ou veículos blindados, que avançam com poder e emitem um rugido como o de um Leão, possivelmente o som de motores pesados ou explosões e que lançam fogo pela frente, isto é, pela suas bocas. Então o versículo 18 continua dizendo, fogo, fumaça e enxofre saíram de suas bocas. Esta é uma das imagens mais dramáticas do texto, fogo, fumaça e enxofre juntos evocam imagens de destruição em massa, semelhante ao que seria produzido por um lança chamas, um míssil, uma explosão nuclear, ou até mesmo um ataque químico, o enxofre tem sido associado desde os tempos antigos ao inferno e à desolação, mas neste contexto pode se referir ao cheiro característico de certos tipos de munição ou gases venenosos. Para João, tudo isso é estranho e assustador, e ele expressou isso em termos do que conhecia, fogo, um elemento destrutivo, fumaça, um efeito de queima, enxofre, um odor punjente e fatal. Mais tarde, o apóstolo João também menciona, cauda semelhantes a serpentes que tinham cabeças e com elas faziam dano. Esta é uma descrição particularmente intrigante, as cobras são caracterizadas por sua flexibilidade, sua capacidade de mudar de direção e seu ataque preciso. Esta imagem foi interpretada como mísseis, teleguiados, modernos ou drones, especialmente aqueles que podem ser lançados da parte traseira de um veículo militar. Também pode se referir a sistemas de defesa automatizados que disparam de ângulos diferentes. De qualquer forma, a ideia é clara, João, viu armas que não só atacavam pela frente, mas também causavam danos por trás, como movimentos precisos e mortais. Portanto, sob essa perspectiva, o exército de 200 milhões mencionado em Apocalipse 9, versículo 16, não seria uma imagem alegórica ou meramente espiritual, mas uma prévia de uma coalizão militar humana no futuro. O número seria literal e a descrição das armas embora envolva símbolos antigos, refletiria armamento sofisticado, típico do fim dos tempos. Portanto, essa visão profética não estaria pintando um quadro místico ou religioso, mas sim retratando com fidelidade surpreendente, o que João viu e não conseguiu explicar em palavras modernas. Um conflito militar global, com armas nunca antes vistas por ele. O que para nós hoje pode parecer uma descrição técnica de uma guerra para João era uma cena de horror, expressada com a única coisa que ele tinha, a linguagem do primeiro século. Teólogos que apóiam essa posição, Raw Lindsey, em a agonia do grande planeta Terra, ensina que se trata de um exército humano literal, formado por nações orientais, liderado pela China. Tim la Ray, com seu Deixados para Trás, interpreta esta profecia como uma força humana envolvida na batalha final do Armagedom após o arrebatamento. Chuck Misler, sugere que João está vendo armas modernas e que o exército mencionado fará parte da última grande guerra mundial antes do retorno de Cristo. Agora, essa posição é uma das mais populares no círculos evangélicos dispensacionalistas. Ela interpreta a passagem como um aviso literal de um futuro conflito militar massivo, liderado por uma potência oriental. Usos de símbolos é entendido como uma limitação da linguagem antiga, diante da tecnologia moderna, não como um símbolo espiritual.

A segunda interpretação, simbólica ou espiritual, de uma horda demoníaca enviada como julgamento. Esta interpretação sustenta que os 200 milhões mencionados em Apocalipse capítulo 9, versículo 16, não representam um exército humano literal, mas uma horda demoníaca, espíritos malignos libertados do abismo por Deus como parte de seu julgamento durante a grande tribulação. A justificativa para essa posição afirma. O contexto do capítulo 9 de apocalipse é puramente espiritual. Nos versículos 1 a 11 são apresentados seres demoníacos em forma de gafanhotos que atormentam os homens por 5 meses sem matá-los. Então, no versículo 16, um exército de cavaleiros é mencionado que causa morte, eliminando um terço da humanidade. Essa sequência é vista como um aumento na intensidade do julgamento, mas com uma natureza igualmente demoníaca e sobrenatural. Vamos ler Apocalipse 9.16: O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número. O fato de João dizer que ouviu o número é interpretado pelos defensores dessa visão não como um fato literal, mas como um dispositivo simbólico que enfatiza a natureza colossal e incalculável da força infernal desencadeada. O número redondo extremamente alto pode simbolizar a imensidão do poder destrutivo do exército demoníaco. Pois em Apocalipse, capítulo 9, versículo 11, nos é dito o seguinte: e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.

Este personagem não é um general humano, mas um anjo caído, o que reforça a ideia de que todo o contexto do capítulo 9 é de natureza espiritual, não física ou militar no sentido humano. O que é descrito neste capítulo não é uma guerra convencional, mas uma invasão espiritual. Deus permite que o abismo se abra e esse ser como parte do julgamento divino sobre a humanidade rebelde. A descrição fantástica de fogo, enxofre, caudas como cobras e cabeças como leões, leva muitos teólogos a concluir que essas não são armas humanas, mas sim entidades sobrenaturais, operando com o poder destrutivo como cedido por Deus. Agora, teólogos que apóiam essa visão, como John Walford, um renomado interprete dispensacionalista, afirmam que os cavaleiros descritos não podem ser humanos por causa de sua aparência sobrenatural. Ele os identifica claramente como forças demoníacas, liberadas por Deus como parte do julgamento final. Robert Thomas, em seu comentário exegético sobre o Apocalipse, considera esta cena como uma das manifestações mais gráficas do julgamento espiritual, na qual demônios agem com autorização divina em uma exibição apocalíptica. Seu argumento principal é esta posição. Assim como Deus usou os gafanhotos reais para punir o Egito durante as pragas do mundo, aqui ele emprega demônios na forma de gafanhotos, mas simbólicamente e com um objetivo diferente. Eles não afetam a vegetação como os gafanhotos comuns, mas sim os humanos diretamente. Isso ressalta que o julgamento do fim dos tempos não será apenas físico, mas intensamente espiritual. Uma guerra onde o invisível se manifesta violentamente no visível. Esta interpretação destaca o caráter simbólico e espiritual do Apocalipse. Um Exército de 200 milhões não seria humano, nem um produto da tecnologia moderna, mas uma força demoníaca que é de dimensões colossais. A visão revelada a João mostra como, nos últimos dias, o reino das trevas será desencadeado com força sobre a terra como parte do julgamento justo de Deus. A humanidade não enfrentará apenas guerras, mas também ataques diretos do mundo espiritual com consequências aterrorizantes.

Agora, vamos considerar a terceira posição. A interpretação preterista ou histórica que sustenta que o julgamento descrito já foi cumprido no passado. O preterismo sustenta que esta passagem do Apocalipse descreve eventos simbólicos que já ocorreram, especialmente durante os primeiros séculos do cristianismo. Nessa perspectiva, o livro do Apocalipse foi escrito para fortalecer e confortar os cristãos perseguidos pelo Império Romano. Mostrando-lhes que o julgamento de Deus já estava em andamento contra seus opressores. Os defensores afirmam que o Apocalipse é apresentado como uma obra profética carregada de simbolismo que aponta para realidades do primeiro século depois de Cristo. Muitas de suas visões teriam começado a se cumprir com a destruição de Jerusalém em 70 depois de Cristo, a perseguição aos cristãos e o subsequente colapso do Império Romano. Entretanto, mesmo dentro do Preterismo, esta passagem em particular, Apocalipse 9. 16, é uma das mais complexas, já que suas imagens não se encaixam facilmente em eventos históricos documentados. Aplicações históricas comuns, as legiões romanas que destruíram Jerusalém, as invasões bárbaras que precipitaram a queda de Roma. As forças espirituais por trás das perseguições contra a igreja primitiva, a crítica comum a esta posição. O número duzentos milhões é excessivo para qualquer conflito conhecido na antiguidade. Não há registros históricos de um exército de tal magnitude. A representação dos cavaleiros e cavalos, com caudas de cobra, fogo, enxofre e elementos sobrenaturais, parece mais de acordo com uma visão apocalíptica do fim do mundo do que com uma guerra literal na história. Teólogos relacionados. Robert Charles Sprowl, embora um preterista parcial, reconheceu que Apocalipse 9 apresenta imagens que são difíceis de situar claramente no primeiro século. Alguns preteristas moderados interpretam o número duzentos milhões, como uma hipérbole, que representa o poder esmagador do julgamento divino, não como um número literal. Essa posição tenta contextualizar a passagem no passado, interpretando como parte dos julgamentos históricos de Deus sobre os inimigos de seu povo. No entanto, ele enfrenta dois grandes desafios. A magnitude aparentemente literal do número e a linguagem sobrenatural do texto. Ambos os elementos dificultam a aplicação direta a eventos históricos específicos. Mesmo assim, o preterismo busca mostrar que a vitória de Cristo sobre o mal começou a se manifestar nos primeiros séculos da igreja.

Examinamos várias interpretações desta passagem chocante do Apocalipse. Entre elas está a posição preterista, que sustenta que essas visões já foram cumpridas no passado durante os primeiros séculos do cristianismo. Entretanto, quando olhamos atentamente para o conteúdo do livro do Apocalipse, sua linguagem, suas visões cósmicas, o julgamento final, a vinda gloriosa de Cristo e o estabelecimento de um novo céu e uma nova terra, fica claro que estamos lidando com uma revelação profundamente futurista. O Apocalipse não é simplesmente um registro de eventos antigos, mas uma profecia do que está por vir, como o próprio livro declara desde o início. As coisas que em breve devem acontecer. Portanto, embora respeitemos as observações históricas do preterismo, devemos reconhecer que essa posição se afasta muito da realidade escatológica do texto. A visão dos 200 milhões de cavaleiros, não condiz com os acontecimentos passados, nem pela magnitude do número, nem pela natureza sobrenatural dos elementos descritos. O Apocalipse não pode ser reduzido a uma metáfora para o Império Romano, ou perseguições antigas. É uma revelação que aponta com força e urgência para o resultado da história humana. E assim chegamos a uma questão central que nos desafia hoje. Quem realmente são esses 200 milhões de soldados? Estamos diante de um exército humano literal que surgirá no fim dos tempos, ou são seres espirituais, entidades demoníacas liberadas com poder distrutivo nos últimos dias. Vamos explorar ambas as possibilidades com fundamento bíblico, discernimento espiritual, e responsabilidade exegética. A passagem de Apocalipse 9. 16, nos deixa a perplexos diante de um número enorme. Ora, o número dos exércitos dos cavaleiros era de 200 milhões. Ouvi número dele, a expressão é enfática. João não apenas viu, mas ouviu aquele número claramente. Isso indica que não é um erro de percepção visual, mas uma divulgação intencional. Portanto, devemos nos perguntar seriamente. O que esse número representa? Este é um número literal, ou é um símbolo profético de algo muito maior? O que o número 200 milhões representa? Este número é único em toda a Bíblia. Nunca antes, ou depois uma figura tão colossal foi mencionada. Nem mesmo os exércitos combinados das Nações mais poderosas do mundo, alcançarão tal magnitude. Por isso muitos intérpretes perguntam. Este é um número literal ou simbólico? Embora seja difícil considerar com tanta certeza. Sabemos que a interpretação simbólica tem peso considerável devido a natureza espiritual e altamente simbólica do livro do Apocalipse, possivelmente esta passagem também se refere a um exército literal. E muitos interpretes, especialmente de uma perspectiva futurista e dispensacionalista, entenda dessa maneira. Primeiro o texto diz, e o número dos exércitos dos cavaleiros era de 200 milhões, ouvi seu número. Essa ênfase que João faz que ouviu o número parece indicar que não se trata de um exagero, ou de uma figura metafórica, mas sim de uma quantidade concreta que Deus queria revelar. Possivelmente esse número terá um cumprimento literal no futuro, quando uma força militar real for mobilizada na Terra.

Em segundo lugar, alguns estudiosos relacionam esse exército aos reis do Oriente, mencionados em Apocalipse 16, versículo 12, que cruzarão o rio Eufrates quando ele secar. Essa referência geográfica levou à ideia de uma poderosa coalizão militar do Oriente, ou seja, da Ásia, que poderia incluir nações como China, India, Irã, Coreia do Norte, entre outras. Embora nenhum país tenha atualmente um exército ativo de 200 milhões de soldados, se forem acrescentados potenciais reservistas, dado o crescimento populacional e o desenvolvimento tecnológico militar dessas regiões, esse número pode não ser impossível em um futuro cenário de guerra mundial.

Terceiro, a descrição de João desses cavaleiros e seus cavalos é impressionante. Eles têm cabeças de leões, de suas bocas saem fogo, fumaça e enxofre, e suas caudas são como serpentes. João provavelmente estava vendo máquinas de guerra modernas, como tantos, lança-chamas, armas químicas ou veículos blindados, mas as descrevendo com as únicas referências visuais que conhecia do primeiro século. Assim, embora a linguagem seja simbólica, o que ela descreve poderia ter uma manifestação literal, tangível e visível em um futuro conflito militar global. Além disso, muitos intérpretes bíblicos conectam esse exército a um evento profético de grande significado, a batalha do Armagedom. Em Apocalipse 16.16, somos informados de que os exércitos das Nações serão reunidos em um lugar chamado em hebraico, Armagedom. Este vale, também conhecido como vale de Megido, foi palco de diversas batalhas históricas, mas no futuro será o campo de batalha final entre as forças do anticristo e do Messias. Nesse contexto, os 200 milhões de soldados possivelmente fazem parte dessa coalizão global inspirada por Satanás, que marchará contra Israel e contra o próprio Cristo. Isso concorda com o que Zacarias profetizou no capítulo 14, versículo 2. Pois eu reunirei todas as Nações para a batalha contra Jerusalém, e a cidade será tomada e as casas serão saqueadas, e as mulheres serão violadas. E metade da cidade irá para o cativeiro, mas o restante do povo não será eliminado da cidade. O ataque final ao povo de Deus não será apenas militar, mas espiritual, liderado pelo anticristo, mas controlado por forças demoníacas. Esta guerra não será um simples confronto geopolítico, mas o ápice da rebelião da humanidade contra seu criador, e esses exércitos serão instrumentos do julgamento divino, bem como o cumprimento do plano eterno de Deus. Portanto, essa interpretação sustenta que o exército de 200 milhões pode ser literal em sua composição militar, mas espiritual em sua origem, ou seja, uma verdadeira força humana reunida por governo e líderes mundiais. Mas profundamente influenciado pelo poder das trevas, seu propósito seria marchar contra Israel, participar do cerco final de Jerusalém, e confrontar o próprio Cristo em sua vinda gloriosa. Superficialmente, será uma guerra entre nações, mas no fundo, será a guerra final entre o reino de Deus e o reino de Satanás. Este cenário não deve apenas despertar nossa curiosidade profética, mas acima de tudo como ver nosso espírito. Porque se essa visão for cumprida literalmente e tudo indica que será, então o momento de se arrepender, crer e estar preparado é agora. Deus não revelou o que acontecerá para que fiquemos especulando, mas para que tomemos uma decisão. A história caminha em direção ao seu clímax e a grande questão não é se entendemos todos os símbolos, mas se estamos do lado do Cordeiro ou do lado do mundo. Agora, embora o debate sobre a identidade exata dos 200 milhões continue, o mais importante não é o quem, mas o por quê? E a mensagem da passagem é forte. Deus está executando julgamento em um mundo rebelde, apesar das pragas da dor e dos sinais que abalam toda a Terra, o coração do homem permanece endurecido. O capítulo 9 de Apocalipse conclui com uma declaração perturbadora.

20 Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar;

21 nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.

Aqui está o verdadeiro cerne da mensagem. A profecia não nos foi dada para alimentar a curiosidade, mas para provocar o arrependimento. Não é um texto para a especulação, mas para preparação. O Apocalipse não existe para calcularmos datas, nem identificarmos exércitos apocalípticos, mas para chamar os homens a se voltarem para Deus antes que seja tarde demais. A visão dos 200 milhões, seja literal ou simbólica, nos lembra que o julgamento de Deus não será leve, e que a rebelião do o coração humano atinge limites onde a misericórdia da lugar ao julgamento. Hoje é o tempo aceitável, hoje é o dia da salvação, a mensagem do Apocalipse é urgente, prepare-se para o encontro com seu Deus.

desconhecido
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/04/2025


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